Novo diretor do Airbnb no Brasil cogita taxar usuários
Em um tempo marcado por brigas entre setores de serviços tradicionais com inovações da economia compartilhada, como o Uber e o Airbnb, o site de aluguel por temporada já reuniu experiências em dois extremos.
Em Nova York, chegou a ser proibido. Em San Francisco, onde nasceu, adotou, em parceria com o governo local, uma taxa semelhante à cobrada em hotéis.
No Brasil, os rumos têm apontado cada vez mais para a segunda política.
Em entrevista à Folha, o novo diretor-geral da plataforma no Brasil, Leonardo Tristão, disse que existe a possibilidade de repetir, aqui, a cobrança de taxas já adotada em outros locais. Serviriam de referência acordos feitos em cidades da Califórnia, em Nova Jersey (um dos mais recentes), em Paris e na Índia.
"Procuramos ter uma postura proativa com os poderes locais. Não é nossa estratégia sentar e esperar algo ser feito", disse Tristão.
Os modelos variam: há taxas de 3% a 14% do preço do aluguel, mas também valores fixos –em Chamonix-Mont-Blanc, na França, é de € 0,75 por noite (veja todos os casos clicando aqui ).
Hoje, em destinos em que não há regulamentações, o Airbnb cobra taxas de administração –de 3% do proprietário e de 6% a 12% do locatário, sempre sobre o valor acordado entre as partes.
O Ministério do Turismo já defendeu que o Airbnb está amparado pela lei do inquilinato, ou seja, não é um serviço hoteleiro, e sim de aluguel de casas. Mas também aventou a criação de uma taxa para o serviço no Mercosul –o tema seria debatido em uma reunião em outubro, mas a discussão foi postergada.
"Não vemos como pegar a legislação vigente para a indústria hoteleira e aplicá-la para proprietários de imóveis", diz Tristão. "Queremos algo que seja positivo para o Estado, mas positivo para os usuários também."
A ideia é evitar problemas como o de Nova York. "Temos mais sucessos do que insucessos", afirma o executivo.
RIO-2016
Além de discutir a taxa, Tristão assumiu o Airbnb no Brasil com a missão de aumentar o conhecimento da marca. Entre suas estratégias está uma parceria com a Olimpíada do Rio, a primeira com um grande evento.
A cidade carioca é a sexta no mundo em número de anúncios – 20 mil, pouco menos da metade do total de ofertas do Brasil.
"Queremos ser protagonistas da Olimpíada. Teremos uma oferta de 80 mil leitos na cidade, quase o mesmo que os hotéis", afirma Tristão.
CONCORRÊNCIA
Procurado pela Folha, o site AlugueTemporada, um dos principais concorrentes do Airbnb, também disse trabalhar de forma colaborativa com os governos locais.
Mas o site, filial da rede HomeAway, funciona de maneira um pouco distinta. "A transação entre o proprietário e o viajante não é feita pela plataforma do AlugueTemporada, os viajantes negociam e fazem o pagamento diretamente com o proprietário. O AlugueTemporada não interfere nessa transação e não retém qualquer valor", disse a empresa, em comunicado.
Em Paris, por exemplo, o Airbnb recolhe o valor da taxa municipal e o repassa à prefeitura mais tarde.
"A HomeAway recomenda fortemente aos proprietários que sigam as leis locais e formalizem em contrato todos os aluguéis realizados", disse o AlugueTemporada. "Com o contrato de aluguel por temporada, não só os valores e formas de pagamento estão previstos, mas também as normas, inclusive dos condomínios, que devem ser seguidas".
*
PARIS (França)
Cobra-se uma taxa de € 0,83 (R$ 4,17) por pessoa e por noite
AMSTERDÃ (Holanda)
Taxa de 5% do valor acordado entre proprietário e locador
NOVA JERSEY (EUA)
6% do valor da hospedagem
SAN FRANCISCO (EUA)
14% do valor da hospedagem
ÍNDIA
14% do preço da acomodação
NOVA YORK (EUA)
O serviço só pode ser usado se forem alugados cômodos da casa, com o dono presente
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