Rota das Emoções revela cidades desconhecidas da região Nordeste
À exceção de Jijoca de Jericoacoara, município que abriga uma das praias mais famosas do país, são pouco conhecidas as cidades cearenses da Rota das Emoções -excursão criada por uma parceria entre Maranhão, Piauí e Ceará, com apoio do Sebrae (órgão de capacitação e fomento a pequenas empresas).
Chaval, a primeira, faz fronteira com o Piauí. É produtora de sal e tem nas pedras de granito que a rodeiam, sua maior atração.
Seguindo para o leste vêm Barroquinha, onde fica a praia de Bitupitá, e Camocim.
Esta última tem 60 mil habitantes. É a terra natal de Euclides Pinto Martins (1892-1924), aviador que dá nome ao aeroporto de Fortaleza. Seus pontos de atração são o encontro entre o rio Coreaú e o mar, a Ilha do Amor, destino quase inexplorado, e uma sequência de balaústres na avenida que margeia o rio.
Depois vem Jijoca de Jericoacoara. Um de seus refúgios mais procurados, lotado o ano todo, é a lagoa do Paraíso, que faz jus ao nome, com água cristalina e morna e redes estrategicamente localizadas na parte rasa.
Há boa estrutura de serviços, com beach clubs e restaurantes. No Alchymist, é possível alugar um bangalô por R$ 100 e aproveitar a vista tomando um Aperol Spritz (R$ 33, 90). A saída econômica é usar uma das mesas de praia: não há cobrança.
TAXA AMBIENTAL
Jijoca abriga a vila de Jericoacoara, enxame de visitantes. Para entrar, paga-se taxa ambiental de R$ 5/dia, por pessoa. Se o visitante estiver de carro, pode ir ao hotel, descarregar a bagagem, voltar e deixá-lo no estacionamento –a circulação de veículos de turistas é proibida.
Destino "trendy" já há muitos anos, Jeri tem restaurantes e bares cujos preços lembram os de São Paulo.
No restaurante Serafim, um gostoso prato de atum selado sai por R$ 53,88.
Não é um destino barato, mas sua noite é relativamente democrática. Há os beach clubs caros e os bares supracitados, mas nativos e turistas se misturam em uma espécie de "batidão" pé na areia, com DJ, e nos forrós.
A folia, porém, não passa das 2h, diz Ricardo Gusso, secretário de Turismo e Meio Ambiente de Jijoca.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Jijoca de Jericoacoara está a quase quatro horas de carro de Fortaleza, mas Cruz, cidade vizinha, ganhou em junho um aeroporto para facilitar o acesso à região.
LIXO
Não existe baixa temporada em Jericoacoara. A vila recebe mais de 600 mil pessoas por ano, entre brasileiros e estrangeiros. Isso leva desenvolvimento à região, mas também deixa lixo.
A vila produz em média, três quilos de dejetos/dia por habitante. No Brasil, a média fica em torno de um quilo.
Há dois anos, surgiu uma usina de reciclagem no distrito, que se tornou uma cooperativa, hoje com 23 funcionários. Por ano, o grupo recicla 150 toneladas de lixo.
Tanto prefeitura quanto funcionários da cooperativa sabem que o número é baixo –o que não é reciclado vai para um lixão em Jijoca.
"Sabemos que se não cuidarmos bem da vila, os turistas vão parar de vir", diz Edicarlos Barros, 37, presidente da cooperativa.
A esperança é que a coleta seletiva cresça. Projeto de R$ 1,9 milhão em parceria com a iniciativa privada promete em dois anos dobrar a capacidade da cooperativa e modernizar seu maquinário.
Além disso, foi aprovada em agosto uma lei sobre resíduos sólidos. A partir de fevereiro, todo grande produtor de lixo (quem gera mais de 100 litros/dia) terá de ter um contrato com a cooperativa, que ficará responsável por recolher o lixo já separado. Quem não fizer a coleta do jeito certo levará multa.
A lei ainda insta o cidadão a colaborar com a separação de resíduos. Quem não o fizer pagará taxa simbólica de R$ 5 e passará um dia trabalhando na cooperativa. "Foi minha contribuição à lei", diz Barros, orgulhoso. Só assim, segundo ele, o morador perceberá a consequência da sua omissão.
O jornalista viajou a convite da pousada Encantes do Nordeste
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