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07/07/2010 - 14h26

Hollywood acabou com encantamento de "A Praia" na Tailândia

DA EFE

Exatos dez anos após a estreia do filme "A Praia" (2000), protagonizado por Leonardo di Caprio, o lugar foi visitado por uma quantidade tão grande de turistas que embora continue sendo paradisíaco, perdeu o encantamento do inacessível e selvagem.

Divulgação
Leonardo di Caprio - A Praia
Leonardo di Caprio em cena do filme "A Praia"; depois da exposição nos cinemas, local perdeu imagem de inacessível

A praia, que antes era um local remoto cuja presença era quase um segredo local, recebe agora centenas de banhistas todos os dias, atraídos pelas areias brancas e águas cristalinas onde um jovem e bronzeado di Caprio nadou um dia.

O número de turistas na última década foi tão grande que a praia se transformou em mais um dos pontos turísticos de Ko Phi Phi, um pequeno arquipélago situado entre a província de Krabi e a ilha de Phuket, ao sul da Tailândia.

Maya Beach, o nome oficial de "A Praia", já conta com espaços reservados para camping, banheiros públicos, um caminho sinalizado, rotas de evacuação em caso de tsunami, lixeiras e inclusive um bar que serve cerveja gelada aos turistas que querem contemplar o entardecer.

Durante a estação de chuvas, os navios de passageiros não podem ancorar na praia e os banhistas podem reviver parte do filme caminhando sobre rochas e dependurando-se em cordas até entrar na selva através de uma rachadura na parede de arenito que rodeia como um muro quase toda a ilha.

A operação não é necessária na alta temporada, quando o mar está calmo e baía tão cheia de embarcações carregadas de pessoas que sofre autênticos engarrafamentos de barcos.

"Antes de "A Praia", o povo vinha a Phi Phi por sua beleza, agora todos a visitam pelo filme", explica à Agência Efe Aegatat Naweewong, guia da agência de viagens local Sunset Trip, que oferece saídas de meio dia com atividades de canoa e snorkel por 450 bat (R$ 25).

Naweewong lembra com nostalgia de quando a ilha era um paraíso na terra, mas admite que Hollywood abriu às portas ao mundo dos negócios.

AÇÃO NA JUSTIÇA

Ficaram para trás os tempos em que os ecologistas, juízes, políticos e moradores da ilha entraram na Justiça contra a 20th Century Fox por alterar a paisagem original do local para ampliar a praia e plantar coqueiros adicionais.

O filme também levantou uma grande controvérsia e esteve a ponto de ser proibido nos cinemas tailandeses por supostas ofensas ao budismo e por mostrar o país como um éden para o consumo de drogas.

Após um longo processo, a Suprema Corte condenou em 2006 à produtora americana a pagar quase US$ 3 milhões pelos danos ao ecossistema, mas estes foram amplamente superados pelo tsunami que arrasou a costa ocidental da Tailândia em 2004, e a sentença não foi cumprida.

Muitos tailandeses acham que o maremoto limpou os pecados da rodagem, mas a maioria opta por seguir fazendo caixa.

Quando o navio se aproxima de Maya Beach, os alto-falantes deixam soar um reggae pegajoso e os turistas começam a aplaudir e dançar ao som de "Pure Shores", a canção do grupo britânico All Saints transformada em tema de culto pelo filme.

O ambiente festivo se prolonga até chegar à baía, onde alguns jovens levam seus alto-falantes para seguir escutando a música sem se preocupar em acabar com a paz e o silêncio do local.

Outros visitantes --mais respeitosos-- optam por pegar suas câmaras digitais e tirar fotos que esperam que se tornem a inveja de todos quando retornarem à Austrália, Estados Unidos ou Europa ao terminar as férias.

Sonham em imitar o protagonista de "A Praia", que abandona sua vida urbana e viaja para Tailândia em busca de um local secreto que só viu em um mapa e depois encontra ali o paraíso terreno comendo peixe fresco e fumando maconha.

"Não vi nada como isto em toda minha vida, só falta o Leo", comenta entre risos uma adolescente alemã em alusão a Di Caprio, que antes da filmagem disse que jamais participaria de um filme que prejudicasse o meio ambiente.

 

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