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13/10/2011 - 07h52

Montevidéu é refúgio na América do Sul

PASQUALE CIPRO NETO
COLUNISTA DA FOLHA

Montevidéu é logo ali. Bastam duas horas e 20 minutos de voo (de Guarulhos) para chegar ao meu refúgio. Sim, Montevidéu é o meu refúgio na América do Sul. "Que tanto você faz lá?", perguntam minha mãe e alguns amigos. "Já sei, você tem uma namorada lá."

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Sim, tenho uma namorada lá. Aliás, várias namoradas. Uma delas é a própria cidade -quieta, calma, educada, gentil, moderna e conservadora ao mesmo tempo, com um certo ar retrô, de coisa antiga, que não existe mais.

Atravesso as ruas calmamente, sem medo (bem, de vez em quando aparece um carro com placa do Brasil...). Ando de ônibus pela cidade, e nada de solavancos, aceleradas, freadas bruscas... Montevidéu, que tem 1,4 milhão de habitantes, parece uma pequena grande cidade do interior.

Outra de minhas namoradas é a "rambla" (avenida costeira) de Montevidéu. Com mais de 20 km de extensão, o belo e tranquilo calçadão é perfeito para caminhadas. As imponentes águas do rio da Prata estão ali, ao lado, para que a imaginação voe longe.

Quando passo pelo longo trecho que o calçadão percorre no elegante e silencioso bairro de Pocitos, onde morou Vinicius de Moraes quando serviu na embaixada brasileira em Montevidéu, olho para o mar de suntuosos prédios e fico pensando em qual deles o Poetinha morou e escreveu muitas das suas maravilhas ("...também eu deixava-me estar no terraço de meu apartamento, um dos mais altos de Pocitos").

Outra das minhas namoradas uruguaias é a comida. Em Pocitos há ótimos restaurantes. Um deles, o Francis (Luís de la Torre, 502), oferece massas, peixes, carnes e vinhos de altíssimo nível, a preços muito mais honestos do que os cobrados em restaurantes paulistanos inferiores. Somada à qualidade da comida há a fina educação e o alto preparo dos garçons.

Outra boa opção em Pocitos é o Trouville (Chucarro, 1.031), do mesmo dono do ótimo El Tranvía, restaurante uruguaio de São Paulo. No centro (Bacacay, 1.339) e em Pocitos (26 de marzo, 3.586), há o também ótimo Panini's, que prepara deliciosas massas, a preços compatíveis, e oferece vinhos excelentes, a preços estranhamente superiores aos da concorrência.

Vanessa Corrêa da Silva/Folhapress
Interior do teatro Solís, mais antiga casa de espetáculos de Montevidéu
Interior do teatro Solís, mais antiga casa de espetáculos de Montevidéu

No centro de Montevidéu, encontro outra namorada, a atividade cultural da cidade. Na avenida 18 de Julio, 1.012, está a sala Zitarrosa, onde sempre é possível assistir a bons espetáculos musicais, muitas vezes gratuitos.

Perto dali, está o imponente teatro Solís, inaugurado em 1856, que vale a pena visitar (há visitas guiadas). Eclética, a programação do teatro inclui música (popular e clássica), ópera, teatro, dança etc.

Outra das minhas namoradas uruguaias é a bebida de Baco, ou seja, o vinho. O melhor vinho uruguaio é o da uva tannat. Várias "bodegas" uruguaias já ganharam medalha de ouro com seus tannats. Uma delas, a H. Stagnari, produz, entre outros, o Tannat Viejo, o Daymán e o Dinastia, várias vezes premiados mundo afora.

Um belo programa é visitar as bodegas. A da Bouza (que fica na área rural de Montevidéu) é encantadora, a começar pela linda construção em que fica seu ótimo restaurante. Vale a pena chegar para o impecável almoço (é preciso reservar) e passar um bom pedaço da tarde por lá.

A uruguaia Pluna tem quatro voos diários de Guarulhos para Montevidéu, em seus jatos Bombardier CRJ-900. A TAM e a Gol têm dois voos diários de Guarulhos (a Gol faz escala em Porto Alegre).

Montevidéu é logo ali. Se você gosta de sossego, gente educada, silenciosa e discreta, belos passeios, boa comida y otras cositas, vá. Quem sabe você também se enrede definitivamente com todas essas minhas namoradas. É isso.

 

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