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21/10/2011 - 07h45

Milão exibe apenas resquícios da rede de canais de 1177

SILVIO CIOFFI
EDITOR DE TURISMO

Fora da área propriamente turística no entorno do Duomo e do teatro alla Scala, Milão também tem seus canais, os Navigli, num bairro boêmio repleto de sebos, lojas de antiguidades, sorveterias antigas, locais para dançar e pequenos restaurantes.

Viagem pelos canais europeus

Um arco chamado Porta Ticinese, a antiga entrada triunfal ao sul da metrópole, sinaliza a entrada do bairro. Lá, o maior dos canais se chama Naviglio Grande e é margeado pelas ruas Alzaia Naviglio Grande e pela Ripa di Porta Ticinese.

Hoje um reduto cultural fervilhante, o conjunto compreende ainda o canal Naviglio Pavese, que tem de um lado a rua Alzaia Naviglio Pavese e, do outro, a via A. Sforza; isso além da Darsena, um portinho que remonta a 1603.

Na verdade, esses canais são remanescentes de uma longa rede de vias aquáticas construída a partir de 1177 e que, no século 15, tinha um total de 150 km de extensão.

Concebidos como fossos de defesa e usados no fornecimento de água, os canais logo viraram vias navegáveis ­-e até Leonardo Da Vinci se dispôs a melhorar seu desempenho entre 1506 e 1513, quando viveu em Milão.

Não era fácil fazer o sistema funcionar, havia o problema com os mosquitos e, nos anos 1800, esse conjunto de canais estava em desuso. Nos anos 1930, a rede, abandonada, foi quase que totalmente coberta (além dos mencionados, resta ainda o Naviglio Martesana, na área nordeste da cidade).

Silvio Cioffi - 12.jun.2003/Folhapress
Vista noturna do bairro de Navigli, em Milão; região abriga os últimos canais urbanos da cidade italiana
Vista noturna do bairro de Navigli, em Milão; região abriga os últimos canais urbanos da cidade italiana

FUTURISMO FRUSTRADO

Avessos a coisas antigas e adversários de tudo que aludisse ao romantismo, os futuristas odiavam os Navigli. E mesmo agora, numa casa situada no número 23 do corso Venezia, uma placa registra que o pintor e escultor Filippo Tommaso Marinetti, líder desse movimento artístico, fundou ali a revista "Poesia" e que, no mesmo lugar, em 1905, registrou o seu "repúdio à luz da lua espelhada nos Navigli".

Marinetti, aliás, dizia também que um ferro elétrico (aquele de passar roupas) era mais bonito que a clássica estátua grega Vitória de Samotrácia e, de troça, sugeria até o asfaltamento em Veneza, do Grande Canal.

Gosto não se discute, mas ainda bem que os canais de Milão não sumiram por completo. Assim, os turistas e os casais enamorados ainda podem admirar o luar nos Navigli de Milão, idem à beira do Grande Canal veneziano. Podem também curtir Bruges ou Amsterdã, passeando por ali numa lua de mel.

 

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