Mulheres estão mais corajosas para denunciar violência, diz promotora
A promotora Silvia Chakian, coordenadora do grupo de enfrentamento da violência doméstica do Ministério Público de São Paulo, afirmou em entrevista à "TV Folha" que atualmente as mulheres estão mais bem informadas e corajosas para denunciar casos de violência e abusos.
Segundo ela, o aumento das denúncias e medidas de proteção a mulheres não significa que os casos de violência aumentam ou diminuíram. "Hoje as mulheres conhecem muito mais a Lei Maria da Penha e os mecanismo de proteção", afirmou. Para ela, porém, a maior parte das agressões ainda não é notificada à polícia ou à Justiça.
Chakian disse enxergar influência do "feminismo jovem" no aumento de denúncias recentemente. Ela citou campanhas como "meu primeiro assédio", que relatava casos de abusos cometidos por homens.
Reportagem da Folha, publicada nesta terça-feira (8), revelou aumento no número de medidas protetivas. A aplicação desse tipo de medida, quando a Justiça impõe um limite de aproximação entre o agressor e a mulher, cresceu 26% na cidade de São Paulo de 2013 a 2015 -e já beira 12 casos por dia.
Prevista na Lei Maria da Penha, é a mais extrema entre as chamadas medidas protetivas -que visam proteger mulheres vítimas de violência ou ameaçadas. Além dessa, há outros tipos, como separação forçada e proibição de visitas a filhos.
Em São Paulo, o Tribunal de Justiça começou a compilar dados em 2013, quando houve 3.445 dessas proibições de aproximação. Em 2015, chegaram a 4.326.
A mesa foi comandada pelos repórteres de "Cotidiano" Leandro Machado e Juliana Gragnani.