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18/05/2009 - 07h57

Estudantes brasileiros levam invenções a feira científica nos EUA

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DIOGO BERCITO
enviado especial da Folha de S.Paulo a Reno (EUA)

Que 1 + 1 vai ser sempre igual a 2 você já sabe, mas talvez ainda não tenham lhe contado que somar estudos com trabalho duro pode resultar em um monte de coisas boas, como uma viagem grátis para os EUA.

Caso a conta lhe pareça estranha, fique atento: 1.563 estudantes do mundo inteiro (entre eles, 28 brasileiros), com idades entre 14 e 21 anos, participaram, na semana passada, da maior feira escolar de ciências do mundo, a Intel Isef --feira internacional de ciência e engenharia, na sigla em inglês.

Divulgação
William Lopes, 19, usou fungo contra poluição da água; feira nos EUA reuniu 1.563 estudantes do mundo inteiro (28 brasileiros)
William Lopes, 19, usou fungo contra poluição da água; feira nos EUA reuniu 1.563 estudantes do mundo inteiro (28 brasileiros)

O evento rolou em um centro de exposições de Reno, uma cidadezinha no meio do deserto.Os estudantes, que mostraram seus projetos para jurados e curiosos, concorriam a quase US$ 4 milhões (cerca de R$ 9,2 milhões) em dinheiro e em bolsas de estudo.

Um dos trabalhos apresentados foi o de Felipe Vitoriano, 15, de São João del Rei (MG). Ele desenvolveu um dispositivo eletrônico que regula a irrigação de plantas a partir da medição da umidade do solo. Assim, evita o desperdício de água.

"Eu tinha algumas plantas carnívoras e me esquecia de regá-las. Pensei em criar um aparelho que fizesse a irrigação automaticamente."

Só depois viu a utilidade ambiental da invenção: economizar água em larga escala. Hoje, pensa em patentear o invento, que desenvolveu a partir do que aprendeu em um curso de montagem e manutenção de computadores.

Outro que partiu da natureza para desenvolver seu projeto foi o paulistano Ivan Ferreira, 18. Criador de aracnídeos, encontrou substâncias antibióticas nos ovos de aranhas armadeiras, espécie típica do Brasil.

A descoberta tomou bastante tempo do garoto: passou quase um ano indo até três vezes por semana ao Instituto Butantan, em São Paulo. A pesquisa, orientada pelo cientista Pedro da Silva Jr., acabou lhe rendendo o segundo lugar em sua categoria.

Enquanto explica suas descobertas, Ivan usa termos como "cromatografia líquida de alta resolução em fase reversa" com naturalidade. Por mais que domine a linguagem técnica, ele ainda está estudando para cursar biologia.

Já Lucas Hansen, 20, e William Lopes, 19, levaram para a prática as lições do ensino técnico em química, que cursam no Rio Grande do Sul. Eles identificaram um problema regional --a contaminação do ambiente pelos corantes usados no tingimento do couro-- e buscaram solucioná-lo.

A saída que acharam foi incentivar o uso de fungos Aspergillus niger, que absorvem a tinta durante seu crescimento.

"Pensamos em um projeto barato economicamente e eficiente ecologicamente", explica Lucas. Ele cogita abrir uma firma para lucrar com a ideia.

De noite, nos quartos

Os participantes da Intel Isef passaram as tardes concentrados em discussões científicas. Nada mais justo que, à noite, relaxassem um pouco durante as festas do evento. Na quarta-feira passada, a comemoração oficial era restrita. Só entravam os estudantes, e o repórter foi barrado a gritos de "sem imprensa!".

Do lado de fora, era possível ver os jovens de 51 nacionalidades diferentes dançando.

A celebração terminou às 22h, mas os mais animados não foram direto para os seus quartos. Na suíte de um dos times dos Estados Unidos, rolava uma comemoração secreta, desde as 19h, somente para convidados.

Alguns brasileiros, que não quiseram se identificar, falaram em bebida alcoólica e em beijo na boca liberados.

"Fiquei dez minutos e fui embora, horrorizada", disse uma estudante de 16 anos. O som da música em volume alto era ouvido nos quartos vizinhos. No do repórter, inclusive.

Os participantes da feira foram selecionados em seus países de origem por meio de feiras locais credenciadas.
No Brasil, são duas: a Mostratec (www.mostratec.com.br) e a Febrace (www.lsi.usp.br/febrace), que acontecem, respectivamente, no RS e em SP.

Os vencedores de ambas viajaram para o evento nos EUA com as despesas pagas pela Intel, pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do Brasil e por outras empresas patrocinadoras.

O jornalista DIOGO BERCITO viajou a convite da Intel

 

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