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Mãe acorrenta as duas filhas viciadas
MULHER DEIXAVA PRESAS SUAS FILHAS ADOLESCENTES DE 12 E 14 ANOS EM CASA, NA ZONA LESTE, PARA EVITAR QUE ELAS ROUBASSEM E USASSEM CRACK
Uma menina de 12 anos foi
encontrada acorrentada pelos
pés dentro da própria casa, no
Jardim Nélia, na região do
Itaim Paulista (zona leste),
ontem à tarde. A mãe a acorrentava para evitar que ela
cometesse furtos e obtivesse
crack na rua. Outra filha, de
14 anos, também era mantida
presa sob as mesmas condições há pelo menos um mês-
mas ela não estava acorrentada quando a polícia chegou.
Policiais da 5ª Delegacia
Seccional chegaram ao local
após uma denúncia anônima
feita por moradores da região.
Enquanto a mãe, desempregada há mais de um ano,
saía para catar papelões na
rua, as meninas ficavam acorrentadas, deitadas em um
colchão no único cômodo da
casa, de 16 metros quadrados. Segundo a polícia, T.C,
12, e C.C, 14, admitiram aos
policiais que cometiam furtos
em casa vizinhas, vendiam os
objetos furtados e levavam o
dinheiro para a casa de um
traficante de drogas de 38
anos responsável por fornecer
a droga para elas.
Os policiais foram até a casa
do traficante, que tem passagem pela polícia por roubo,
furto e posse de entorpecentes, mas ele não estava. No
local foram apreendidos um
cachimbo com resíduos de
crack e uma faca. Foi pedida a
prisão temporária dele. A menina de 14 anos disse à polícia que ele costumava abusar
sexualmente dela.
Foi registrado um termo circunstanciado para averiguação de maus tratos pela mãe,
Milene Cardoso, 30 anos. Mas,
segundo o delegado André de
Queiroz, ela não será presa,
pois se trata de um caso de
comoção social. "A mãe estava desesperada e não sabia o
que fazer."
As meninas serão levadas
ao Conselho Tutelar do Itaim
Paulista. Depois irão para um
abrigo e para uma clínica de
recuperação de drogados. "Já
é a terceira vez que elas vão
para o abrigo. Nas outras vezes elas fugiram", conta a
conselheira Zilma Gomes.
A mãe, visivelmente abalada, disse que acorrentava as
filhas para evitar a morte delas. "Qual é a mãe que quer
ver o filho assim, se acabando
nas drogas, com os "nóias'
zoando? O que eu mais quero
é ir embora. Aqui não é lugar
para se criar os filhos".
Ontem à tarde, a menina
mais nova ainda estava sob
efeito de drogas, segundo os
policiais. A mais velha explicou como fazia para manter o
vício. "Por um DVD eu conseguia uns R$ 25. Com esse dinheiro, comprava cinco pedras de crack pra gente". Segundo a mãe, nenhuma das
meninas estuda. (Talis Maurício)
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