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 Chacinas deixam dez mortos na Grande São Paulo

EM PARELHEIROS, NA ZONA SUL DA CAPITAL, SEIS MORRERAM. UMA HORA DEPOIS, EM SUZANO, ENCAPUZADOS MATARAM QUATRO E FERIRAM DOIS

Duas chacinas deixaram um saldo dez mortos e dois feridos, na madrugada de ontem, em pontos distintos da Grande São Paulo. Em Parelheiros (zona sul), seis pessoas baleadas morreram. Cerca de uma hora depois, na cidade de Suzano (Grande SP), outras seis pessoas foram baleadas, mas duas sobreviveram. Neste ano, 73 pessoas morreram em 20 chacinas na capital.
A polícia descarta relação entre os casos. No primeiro, por volta de 0h30, os assassinos chegaram em uma moto e em dois carros a um bar na rua Dama da Noite. Segundo uma testemunha, uma das vítimas ainda pediu para conversar. "Não tem conversa", foi a resposta de um dos assassinos, seguida dos tiros.
O desempregado José Cláudio Araújo Santana, 41 anos, ainda tentou correr, mas foi perseguido e executado com um tiro na cabeça. Ele era o único entre os mortos que tinha passagem pela polícia -assalto e porte de entorpecentes. Entre as vítimas estão ainda o filho de Santana, de 16 anos, Fábio Assis Santos, 25 anos, D., 16 anos, e Neiton Macedo de Oliveira, 20 ano.
"Ele [Oliveira] não bebia e não fumava. Para mim, estava no lugar errado e na hora errada", declarou uma prima que não quis se identificar.
Até o final da tarde de ontem, a sexta vítima não havia sido identificada. "Nossa esperança [para resolver o crime] é que alguém faça uma denúncia anônima", disse o delegado Jorge Elias Francisco, do 25º DP (Parelheiros).
Um morador de 21 anos disse que deixou o local 15 minutos antes da chacina. Segundo ele, traficantes da região teriam se negado a pagar "pedágio" a supostos policiais que tentavam extorqui-los. "Essa chacina já havia sido anunciada no final de semana", declarou o rapaz.
Em Suzano, o crime foi na área central da cidade, a dois quarteirões da igreja matriz. Era 1h40. A pé, quatro encapuzados chegaram atirando num grupo de cinco rapazes que estavam na porta de uma lanchonete. Quatro morreram.
Houve tumulto e corre-corre no local, onde estavam cerca de 30 clientes. Uma bala ainda acertou um deles, mas sem gravidade e, por isso, ele foi buscar socorro em Mogi das Cruzes. "Ainda é muito prematuro apontar um motivo para o crime", disse o delegado Walter Gonçalves Jardim. À tarde, investigadores do setor de homicídios da cidade já ouviam testemunhas.
Morreram três rapazes de 17 anos, um de 16, e Pablo Rafael de Oliveira Silva, 22, este último em liberdade desde abril de 2005, depois de cumprir pena por assalto. Um garoto de 13 anos, que integrava o grupo dos mortos, sobreviveu. Ele ficará aos cuidados do Conselho Tutelar, uma vez que disse não ter família e nem casa. (Fabiano Nunes e Danilo Almeida)



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