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Carandiru cai em 4 segundos

NA IMPLOSÃO, FORAM DERRUBADOS ONTEM OS PAVILHÕES 2 E 5 DA ANTIGA DETENÇÃO DO CARANDIRU. NO LOCAL, SERÁ ERGUIDO PAVILHÃO DE EXPOSIÇÕES

Estrondo, "cogumelo' de poeira, mais poeira e destroços. Nessa seqüência, foram abaixo ontem os pavilhões 2 e 5 da antiga Casa de Detenção de São Paulo, no Carandiru (zona norte), em 4 segundos -menos do que você precisou para ler este parágrafo.
A implosão é apenas a primeira parte do processo de demolição que, segundo previsão do governo estadual, vai terminar somente daqui a quatro meses, em novembro, com a derrubada da muralha, fragmentação e remoção dos destroços e a limpeza da área.
No local, de 100 mil metros quadrados, será construído o Parque Institucional, com um teatro, um jardim, um pavilhão de exposições e a remodelação dos pavilhões 4 e 7, os únicos preservados da antiga Detenção. Não há previsão para a entrega das obras.
Essa é a terceira fase de implantação do Parque da Juventude, inaugurado parcialmente em setembro de 2003, e vai custar R$ 66 milhões.
As unidades 6, 8 e 9 do Carandiru foram demolidas em dezembro de 2002, ano da desativação do presídio.
Na implosão de ontem, foram utilizados 200 quilos de dinamite espalhados em 1.500 pontos de detonação. A Defesa Civil mobilizou 409 profissionais. "O velho Carandiru agora só no cinema ou na televisão", disse o governador Geraldo Alckmin (PSDB) após acionar, às 11h02, o botão que detonou a dinamite.
"Picão"

O engenheiro-responsável pela implosão, Manoel Jorge Dias, considerou a operação um sucesso. "O importante é a fragmentação. O resultado positivo da implosão nos proporciona fazer a remoção por meios mecânicos", disse Dias.
A partir de agora, o principal instrumento para concluir a destruição dos pavilhões é um martelo hidráulico acoplado a uma retroescavadeira, conhecido pelos engenheiros como "picão". "O "picão' é um equipamento que tem uma eficácia muito grande na remoção do entulho. No processo, é o instrumento mais importante depois da implosão, porque ele fragmenta os destroços", afirma Dias.
Segundo o engenheiro, o prazo de quatro meses para a remoção dos destroços será cumprido. "Dentro desse prazo, dará para fazer até a reciclagem tanto do ferro quanto de parte da alvenaria", diz.
A implosão foi vista de perto por Edvaldo Godói, que passou 20 dos 45 anos da vida preso no Carandiru. Ele foi convidado especial do governo estadual. (Fábio Mazzitelli)



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