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Trabalhador de SP leva mais tempo no trânsito

EM 2002, PARA IR E VOLTAR DO TRABALHO, PAULISTANO GASTOU 1 HORA E 24 MINUTOS -SEIS MINUTOS A MAIS DO QUE EM 1998

Se o trabalhador que mora na região metropolitana de São Paulo recebesse pelo tempo que gasta no trânsito, para ir e voltar do trabalho, seu salário aumentaria 25%. Essa é uma das conclusões de um estudo feito pela Secretaria Municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, que avaliou os custos do transporte para o trabalho em dez regiões do Brasil.
A análise concluiu também que, em quatro anos -de 1998 a 2002-, aumentou em seis minutos o tempo médio gasto pelo morador da Grande SP para ir e voltar do serviço. Antes, ele perdia uma hora e 18 minutos. Em 2002, foram uma hora e 24 minutos.
Com isso, só na região metropolitana, os 6.954.914 trabalhadores em atividade perderam, em 2002, 9.919.237 horas no trânsito.
A pesquisa constatou também que a população de baixa renda é a que mais perde tempo no trânsito, porque mora na periferia, distante do local de trabalho.
"Na cidade de São Paulo, dois terços do setor produtivo estão concentrados no centro expandido. Enquanto isso, devido ao preço dos imóveis, a população pobre está morando cada vez mais longe do centro", pondera o secretário municipal do Desenvolvimento, Trabalho e Solidariedade, Marcio Pochmann.
"As pessoas cortam despesas com alimentação e vestuário, por exemplo, mas com transporte é quase impossível. Daí a importância desse item", diz Pochmann.
Agora, a pesquisa será usada para definir políticas de transporte e emprego.
"Cada vez mais, o transporte é um fator que complica a conquista do emprego, em vez de auxiliar", diz Pochmann. Segundo ele, como as empresas são obrigadas por lei a oferecer vale-transporte aos funcionários -e subsidia o custo deles-, preferem contratar quem mora mais perto.
"Por isso, na hora de procurar emprego, muita gente acaba mentindo o endereço", conta o secretário. Outra situação lembrada por Pochmann é o aluguel de pequenos apartamentos perto do local de trabalho, por grupos que trabalham juntos. Eles passam a semana ali e só voltam para casa, na periferia, aos sábados e domingos.
Bilhete único

Para Pochmann, o bilhete único -que permite tomar vários ônibus, em até duas horas, pagando uma só passagem- deve reduzir o custo dos empregados e das empresas com vale-transporte, evitando, por exemplo, que a pessoa à procura de emprego minta o endereço.
O novo sistema de transporte também deve reduzir o tempo de viagem, para quem utiliza ônibus. Por enquanto, porém, as obras dos corredores de ônibus -batizados como "passa-rápido"- só geraram reclamações dos usuários, que criticam o trânsito (leia ao lado). (Fábio Grellet)



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