Agrishow impulsiona economia de Ribeirão Preto e gera oportunidade de emprego

O impacto gerado por uma das maiores feiras do agronegócio nas Américas não se restringe ao campo. A cidade que hospeda a Agrishow se beneficia do evento em larga escala. Do chopinho gelado da tradicional choperia Pinguim, que sai com maior frequência, aos empregos gerados, mesmo que temporários, Ribeirão se transforma em dias de feira agrícola.

O desempregado Antônio Carlos de Oliveira repetiu neste ano o que já fez outras duas vezes nesta década: procurou uma das empresas que vão expor na Agrishow e conseguiu um trabalho temporário.
Com experiência em montagem de móveis -o que tem feito eventualmente desde que perdeu o último emprego com carteira de trabalho assinada, em 2015-, ele se ofereceu para montar estandes e fazer serviços gerais. Conseguiu a vaga.

É um dos cerca de 5.000 beneficiados por empregos, a maioria temporários, gerados a partir da feira agrícola, que movimenta a economia de Ribeirão Preto e de cidades vizinhas num raio de 100 km.
Hotéis praticamente lotados, restaurantes com espera de horas por uma mesa, postos de combustíveis com filas e bares e choperias, principalmente, tomados de produtores rurais e de funcionários das cerca de 800 marcas expositoras.

Essa é a rotina da cidade que abriga a feira durante o evento. "É uma chance para conseguir um dinheirinho. Infelizmente, tem muita gente sem emprego. Alguns colegas não conseguiram vaga", disse Oliveira. Ele afirmou que, "dando tudo certo", receberá cerca de R$ 2.500.

Nos hotéis, a Agrishow provoca o maior pico de ocupação do ano na cidade, com média de 98%, à frente de outros eventos como o festival de música João Rock (junho), formaturas nas universidades (janeiro) e a Fenasucro (Feira Internacional da Bioenergia), que ocorre em agosto na vizinha Sertãozinho.

A média anual de ocupação oscila entre 37% e 40%, de acordo com Carlos Frederico Marques, presidente do Sindicato de Hotéis, Restaurantes e Bares de Ribeirão Preto. "Não tem como não contratar mão de obra extra para o período, já que a demanda cresce muito. É uma necessidade que surge a partir principalmente de fevereiro e março", explica.

A cidade tem cerca de 14 mil leitos em hotéis, cujos preços dos pacotes para a semana da feira chegam a dobrar em relação à baixa temporada. A não lotação total da rede hoteleira se explica, segundo expositores, à concorrência de imóveis alugados por meio de aplicativos, que têm preços relativamente mais atrativos.

O turismo, segundo a Prefeitura de Ribeirão Preto, respondia em 2018 por 13.802 empregos formais -ou 6,49% dos trabalhadores empregados no município, índice acima da média do estado, de 4,95%. A estimativa é que a feira movimente cerca de R$ 70 milhões na economia local.

"É uma pena que Ribeirão tenha somente uma Agrishow por ano", lamenta-se Dorival Balbino, presidente da Acirp (Associação Comercial e Industrial de Ribeirão Preto). Nas palavras dele, "a cidade clama para que tenhamos mais feiras, mais eventos, difícil do porte de uma Agrishow, mas que tenhamos mais eventos". São aos menos 5.000 empregos, calcula, num momento em que tanto se precisa. Diz ainda que a maior parte dos serviços disponíveis na cidade está tomada pela Agrishow. Embora em sua maioria temporários, os empregos gerados, é claro, impactam na economia local.

O prefeito de Ribeirão, Duarte Nogueira (PSDB), diz que os números da feira agrícola vão contribuir também para a economia nacional. "Está se falando que o PIB do país vai crescer 2% neste ano. Então, o crescimento projetado da Agrishow [cerca de 10%] é cinco vezes maior do que a média da própria economia produzida pelos mais de 200 milhões de brasileiros, o que não é pouco."

Gerente de um bar na zona sul da cidade, José Carlos dos Santos já aposta, para atender à demanda, na contratação de dois garçons extras para o período da feira. "Também aumentamos os estoques de cerveja e alimentos para todo o período da Agrishow", conta. Ribeirão, como se vê, está otimista.

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