DE SÃO PAULO

Queimadas no cerrado, introdução de monoculturas de soja e fotos da monumental natureza do Jalapão.

O pesquisador de fauna e flora e artista plástico Tomas Sigrist e o fotógrafo Lester Scalon tentam juntar tudo isso no livro "Jalapão" (Avis Brasilis editora, R$ 49, 288 págs.).

Segundo o Ministério do Meio Ambiente (MMA), a região do Jalapão –localizada entre os Estados do Tocantins, Piauí, Maranhão e Bahia– é a maior área de cerrado protegida em unidades de conservação (UC).

Mesmo com uma ocupação territorial pequena, em geral por populações tradicionais da área –conhecidas, por exemplo, pela confecção de artesanato em capim dourado–, as ameaças, como a expansão da pecuária, já marcam presença na região.

Sigrist diz que reina a lógica de introdução de espécies na qual "se der certo deu, se não der, dane-se. Só se pensa no valor econômico".

O autor dá o exemplo das monoculturas de soja e do uso de gramíneas exóticas, como as africanas e da Nova Zelândia, que estão sendo introduzidas na região para servir de alimento para o gado.

"Ficamos preocupados que essa invasão de espécies exóticas crie problemas no futuro. Mas precisamos de mais pesquisa sobre isso", diz o autor.

O livro levou cerca de cinco anos e várias visitas ao Japalão para ficar pronto.

Um dos objetivos da obra, de acordo com Sigrist, era alertar para formas de gestão mais eficientes para a proteção de parques nacionais, estaduais e unidades de conservação.

Além disso, o equilíbrio do uso do fogo –utilizado como parte da prática agrícola pela populações locais– no cerrado também é discutido pelos autores.

Pesquisas já demonstraram que a presença intermitente de fogo nesse bioma é importante para manutenção de diversidade de espécies. "Qual a relação exata, saudável dessa questão do fogo?", questiona Sigrist.

Entre os animais listados e observados pelos autores para a realização do livro, está o pato mergulhão (Mergus octosetaceus), espécie considerada como criticamente em perigo de extinção, segundo o MMA. "O Jalapão é uma esperança para que esse pato sobreviva", afirma Sigrist.

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