Descarte de água de chuva no rio Pará não afetou comunidades, diz empresa norueguesa

Hydro Alunorte é acusada de contaminar ambiente com vazamento de água de rejeitos

Fabiano Maisonnave
Manaus

O grupo norueguês Norsk Hydro reconheceu, nesta segunda-feira (19), que sua fábrica brasileira de alumínio Hydro Alunorte, a maior do mundo, verteu água de chuva não tratada no rio Pará. 

“Nós descartamos água de chuva e da superfície da refinaria não tratadas no rio Pará. Isso é completamente inaceitável e contraria o que a Hydro acredita”, afirmou o presidente da empresa, Svein Richard Brandtzaeg, em comunicado.

De acordo com a licença da Alunorte, toda a água de chuva e da superfície da área da refinaria deve ser conduzida para a Estação de Tratamento de Efluentes Industriais (ETEI) da planta. Os testes realizados pela Semas mostraram que a água, ao invés disso, fluía diretamente para o rio Pará (foz do Tocantins). 

A empresa, porém, reafirmou que as inundações que afetaram as comunidades de Barcarena, município industrial próximo à cidade de Belém, foram resultantes das extremas chuvas que ocorreram em meados de fevereiro. Trata-se de dois episódios diferentes, disse.

Norsk Hydro nega ainda que houve transbordo das baías de dejetos às comunidades locais. Essa acusação foi feita pelo Instituto Evandro Chagas e pelas lideranças comunitárias, mas o Ibama, em três vistorias, não encontrou indícios disso. Moradores de áreas inundadas entrevistados pela Folha disseram que a água veio do lixão.

Por outro lado, o Ibama multou a Hydro Alunorte em R$ 20 milhões por problemas de licenciamento. A pedido do Ministério Público Estadual, a Justiça determinou a paralisação de uma das duas bacias de rejeitos da empresa.

Segundo a Hydro, as conclusões da revisão interna e da primeira fase da consultoria independente serão apresentadas em 9 de abril, juntamente com as demais medidas necessárias.

NORUEGA

Procurada pela reportagem, a Embaixada da Noruega no Brasil afirmou que, em reunião realizada na última quinta (15), a Norsk Hydro informou ao governo norueguês que está trabalhando em conjunto com uma consultoria ambiental brasileira e que realizará investimento de R$ 213 milhões no sistema de tratamento de água da refinaria.

Em nota, a embaixada diz ainda que a Noruega possui 34,3% das ações da Norsk Hydro e que a empresa admitiu não ter cumprido os padrões definidos para a refinaria de Barcarena. 

"O governo norueguês tem a expectativa de que a Hydro —como empresa norueguesa com operações no exterior— tome as medidas necessárias para resolver a situação", diz a nota.

A embaixada afirma ainda que o governo recebeu garantias de que a situação é tratada com rigor pela Hydro, que fornece água potável e assistência de saúde nas comunidades locais.

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