Cerrado ganha plano para conservar espécies menos fofas; veja quais são

Maioria são peixes e répteis; ICMBio espera proteger os animais do risco de extinção

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Isis Nóbile Diniz
São Paulo

Bichos não tão fofinhos, como répteis, anfíbios e peixes, do Cerrado, do Pantanal e da bacia Tocantins-Araguaia ganharam um plano nacional de conservação que visa protegê-los. 

O plano em questão foi aprovado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação de Biodiversidade (ICMBio) para preservar 41 espécies de animais do Cerrado, do Pantanal.

Todos correm risco de extinção.

O plano vale por cinco anos e poderá ser renovado. Nesse tempo, o órgão espera ao menos ter mais conhecimento científico sobre o comportamento dos animais, descobrir as principais ameaças e, se possível, tirá-los da condição crítica.

O único primata da lista é o macaco-prego-do-papo-amarelo (Sapajus cay). Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e da Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat), entre outras instituições, propuseram identificar áreas prioritárias e elaborar mapas que favoreçam a conectividade entre os fragmentos onde vivem os primatas, identificar pontos críticos de caça e, assim, desenvolver propostas de educação ambiental e de fiscalização.

Um dos objetivos também é influenciar políticas públicas para incorporar medidas de proteção como a criação de novas unidades de conservação. “Geralmente, as espécies são ameaçadas porque perderam o seu habitat ou a qualidade dele e algumas das suas populações foram extintas”, diz Marcelo Marcelino, diretor de Pesquisa, Avaliação e Monitoramento da Biodiversidade do ICMBio.

Segundo o ICMBio, as ações serão avaliadas ao longo do trabalho para ter seus impactos medidos e serem feitas correções quando necessário.

CAIXA D'ÁGUA

Mas não só esses bichos que não têm tanto apelo popular: o Cerrado, savana mais rica do planeta, também sofre do mesmo problema.

“Nossa expectativa é que o plano possa contribuir para ações de preservação de ambos os biomas”, ressalta Julio Cesar Sampaio, ele é coordenador do Programa Cerrado Pantanal do WWF-Brasil.  

Para ele, é assustador o fato de que metade do Cerrado foi desmatada em apenas 50 anos: “A mata atlântica foi devastada em 500 anos e a Amazônia teve um processo de desmatamento reduzido por ser conhecida como ‘pulmão do mundo’ na década de 1980”.

O relevo do Cerrado o torna apto para a mecanização por ser um grande planalto, favorecendo a monocultura, mas metade das oito grandes bacias hidrográficas brasileiras tem suas águas originadas na região. São rios que abastecem parte da América do Sul como formados pela bacia hidrográfica Araguaia-Tocantins, ao Norte do país; bacia do rio São Francisco, Nordeste; Grande Bacia do Prata, que leva água para a região Sul e a países vizinhos.

“Crises hídricas em São Paulo e em Brasília estão relacionadas com o mau uso da terra e a falta de cuidado com a região de nascentes”, diz Sampaio.

Atualmente, 640 das 1.173 espécies brasileiras ameaçadas de extinção estão cobertas por um total de 49 planos de ação do ICMbio. Em alguns casos, os planos se sobrepõem, como este e o plano para a preservação das aves da região, publicado em 2014.

“Sabemos que não conseguiremos ter planos conservar para todas as espécies individualmente, principalmente, quando se trata de invertebrados (como insetos)”, lamenta Marcelino. Atualmente, o ICMbio tem três mil ações em desenvolvimento e 400 instituições envolvidas com os planos. 

“Muitas dessas espécies, pequenos animais, que serão acompanhadas podem indicar a qualidade do ambiente”, diz o representante da WWF.

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