Governo recua e adia nomeação de novo presidente do ICMBio

Servidores do órgão de proteção ambiental protestam contra indicação de Cairo Tavares

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São Paulo

Aguardada desde a última sexta (25), a nomeação do cientista político e quadro Cairo Tavares (Pros) para a presidência do órgão que administra as unidades de conservação do Brasil, o ICMBio (Instituto Chico Mendes para a Conservação da Biodiversidade), ainda não saiu no Diário Oficial.

O recuo, confirmado por fontes do governo, aconteceu após a repercussão negativa da nomeação, amplamente criticada por não ser ligada à área ambiental. Desde que foi criado, em 2007, o ICMBio só havia sido presidido por quadros técnicos.

A Secretaria de Governo da Presidência, que na quinta-feira havia encaminhado a nomeação de Tavares para a Casa Civil, teria adiado a decisão já no dia seguinte, diante dos protestos de ambientalistas, servidores —que anunciaram fechamento dos parques nacionais— e até de uma recomendação do Ministério Público Federal defendendo que o “presidente do ICMBio deve ter expertise técnica e competência gerencial comprovadas, como prevê a lei”.

Segundo funcionários da Secretaria de Governo, na sexta-feira o ministro Carlos Marun já havia comentado, diante da crise com a greve dos caminhoneiros, que “deixaria para depois” a nomeação de um novo presidente para o órgão. A Casa Civil, que assina as nomeações, não respondeu até o momento desta publicação se a nomeação foi adiada ou suspensa.

Através da assessoria de imprensa, o Pros afirma que não foi informado pelo governo sobre nenhuma mudança. Mas, em nota de defesa ao nome de Tavares, o partido reitera o estado de dúvida.

“Caso a ida do Cairo seja concretizada, a prioridade como partido será orientar para a defesa ambiental e a gestão responsável”, diz um trecho da nota, que prossegue em tom hipotético: “se a nomeação de fato ocorrer, o objetivo é que se realize uma gestão usando novas tecnologias para proteger a fauna e a flora envolvendo todos os estados e suas oportunidades de turismo e proteção.”   

Depois de ter sido anunciado à diretoria do ICMBio como novo presidente do órgão na quinta-feira, quando passou o dia em reuniões no instituto, Cairo Tavares foi confrontado pelos servidores, que questionaram qual seria seu conhecimento na área ambiental —ao que ele teria respondido, ainda segundo os funcionários: “tenho o mesmo conhecimento que todo mundo tem”. Tavares não retornou ao pedido da reportagem para comentar a conversa.

Além do fechamento de parques nacionais e da mobilização de organizações ambientalistas, os servidores conseguiram a assinatura de seis ex-ministros do Meio Ambiente em uma carta de repúdio à ocupação do instituto “por pessoas estranhas à agenda da conservação”, como diz o documento, alegando que “as áreas protegidas se encontram sob forte pressão de interesses privados”.

Assinam o texto Carlos Minc, Izabella Teixeira, José Carlos Carvalho, José Goldemberg, Marina Silva e Rubens Ricupero. A exceção foi Sarney Filho, que, segundo fontes próximas, teria preferido não assinar para não perder a interlocução com o governo.

Embora tenha sido apontado nos bastidores como possível apoiador da nomeação de um quadro do Pros  —em troca da garantia de fazer seu sucessor no Ministério do Meio Ambiente—, Sarney Filho teria informado ao seu círculo que não sabia da vacância no ICMBio, ocorrida logo após o fim do seu mandato.

O sucessor indicado por Sarney Filho para o MMA, Edson Duarte, continua incerto à frente do cargo, na condição de ministro substituto. 

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