Enquanto o presidente Jair Bolsonaro discursava na abertura da Assembleia Geral da ONU, seu homólogo colombiano, Iván Duque, falava sobre o futuro da Amazônia na plenária da Cúpula de Desenvolvimento Sustentável da Fórum Econômico Mundial em Nova York, na manhã desta terça-feira (23).
“Não devemos politizar as queimadas”, disse o presidente da Colômbia, sobre os recentes incêndios que ocorreram na Amazônia brasileira.
Indagado pela Folha, ao final do painel, sobre a politização do debate ambiental e o diálogo com o governo brasileiro, Duque afirmou que o contato bilateral tem sido bom e que passa por compromissos regionais como o Pacto de Letícia. “O que vai além de mandatos presidenciais e deve se converter em compromissos de longo prazo.”
Duque disse que falou com Bolsonaro sobre compromissos para enfrentamento das mudanças climáticas. “Creio que o trabalho conjunto para um desenvolvimento sustentável é o caminho correto na América Latina.”
O presidente colombiano, um conservador como Bolsonaro, entende que para além de “ataques políticos”, é importante que todos os países trabalhem de forma coordenada e comprometida para implantar políticas corretas.
Duque propõe ainda uma "solução regional" para proteger a Amazônia. “Ë nosso dever.”
Segundo ele, a Colômbia reduziu o desmatamento em 17% em apenas um ano, mas as ameaças são grandes, elencando mineração ilegal, como a maior delas, assim como a extração irregular de madeira, o plantio de coca e a ampliação da fronteira agrícola.
“Colocamos os recursos naturais no centro da segurança nacional da Colômbia, implementando um plano abrangente para combater o desmatamento”, disse o presidente. "Sempre que alguém decidir fazer algo contra a natureza, será punido."
A Colômbia criou uma comissão de desmatamento para monitorar os parques naturais e proteger a floresta e os rios. “Por além do combate ao desmatamento, a Colômbia está comprometida com o reflorestamento”, afirmou Duque, ao anunciar que o país planeja plantar 180 milhões de árvores até 2022.
O plano nacional de desenvolvimento do país também inclui, diz ele, aproximação e valorização das comunidade indígenas. “Temos que pagar por serviços ambientais e fomentar o turismo sustentável em terras ocupadas pelos nossos povos ancestrais”.
Ao elencar os desafios regionais, Duque lembrou que a Colômbia é um dos países mais afetados pelas alterações planetárias do clima, com períodos de seca mais prolongados nos últimos anos, e que a Amazônia "não é apenas selva, mas o lar de 34 milhões de pessoas”. Por isso, afirmou, está capitaneando uma nova iniciativa para desenvolver de modo sustentável as cidades da Amazônia.
Em outra concorrida plenária do evento, com o prefeito de Nova York, Bill de Blasio, o tema também foi como acelerar ações para enfrentar a emergência climática.
De Blasio vê com esperança o ativismo juvenil, que se espalhou pelas ruas de cidades em todo o mundo. O prefeito, no entanto, é pessimista em relação aos demais atores globais.
“A democracia está à altura do desafio?”, indagou. “Infelizmente, o nível do debate global ainda deixa a desejar. Existem muitos assuntos paroquiais que nos impedem de nos concentrar no que importa.”
Segundo Blasio, o fracasso do governo dos EUA em reconhecer as mudanças climáticas despertou uma maior conscientização no país. “E isso é motivo de alguma esperança.”
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