Impacto de vazamento de óleo à saúde ainda é baixo, mas contato deve ser evitado, diz ministério

Para o governo, casos de intoxicação registrados até agora são por uso de removedores inadequados

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Brasília

Uma avaliação feita pelo ministério da Saúde sobre os riscos do vazamento de óleo no litoral do Nordeste aponta que, apesar da amplitude, o impacto à saúde pública neste momento é baixo. 

A afirmação, a qual consta de boletim que será divulgado nesta quinta-feira (31) pela pasta, considera parecer de técnicos e dados recebidos de secretarias de saúde.

O ministério, porém, reforça o alerta para que voluntários e população não entrem em contato com a substância e para que profissionais de saúde notifiquem atendimentos.

Também ressalta que a avaliação do risco é um “retrato” do momento, mas que pode ser alterada, conforme prevê regulamentos internacionais de saúde. “Neste momento, considerando as informações recebidas das secretarias de saúde e a composição do petróleo cru, avalia-se que as evidências consolidadas sugerem que o impacto para a saúde pública é baixo, apesar da amplitude do evento”, informa.

A avaliação parte da premissa de que “a exposição seja pontual e que o evento será controlado num curto e médio-prazo”.

De acordo com o ministério, no material coletado, o composto de maior potencial tóxico é o benzeno. Sua concentração no petróleo, no entanto, é baixa, podendo variar entre 0,5% a 4% do total. Em caso de intoxicação, a previsão é que ocorra a excreção da substância entre 24 e 48 horas, por meio da urina, informa o documento.

Atualmente, vigilâncias municipais realizam busca ativa junto às unidades de saúde de possíveis casos.
Até esta quarta (20), apenas Pernambuco havia informado dados completos ao ministério, com 19 casos suspeitos de intoxicação até o dia 26 de outubro. Destes, 17 foram registrados em São José da Coroa e dois em Ipojuca, no litoral sul do estado.

Os sintomas mais relatados pelos pacientes foram dor de cabeça, náuseas e dispneia (falta de ar ou dificuldade em respirar). A maior parte dos casos, porém, informou ter usado removedores não recomendados para retirada do óleo do corpo, como querosene e gasolina, entre outros removedores de graxa e solventes, o que pode ter levado aos casos, aponta.

No documento, o ministério reforça a recomendação para que a população não entre em contato direto com a substância, “especialmente crianças e gestantes”. Voluntários que atuam nas praias devem usar equipamentos de proteção individual, como máscaras, luvas de borracha resistente e botas impermeáveis.

Em caso de contato da pele com o petróleo, o recomendado é lavar a pele com água e sabão e usar óleo de cozinha ou outros produtos que contenham glicerina ou lanolina para retirar o produto.

Em caso de exposição ou aparecimento de sintomas, a recomendação é procurar atendimento médico imediatamente e contatar o Centro de Informações Toxicológicas, por meio do número 0800 722 6001.

"Estamos focados em orientar as pessoas. A maioria das pessoas que tiveram intoxicação é que usou benzeno, solvente, querosene para retirar o óleo", disse o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta. 

Segundo ele, a pasta aguarda resultados de análises de outros órgãos sobre o impacto em peixes. “Nossa preocupação é na cadeia alimentar", afirma. 

COBRANÇA DE ENTIDADES

Ao mesmo tempo em que o governo avalia que há baixo risco à saúde neste momento, entidades têm cobrado que sejam adotadas mais ações diante do problema. A SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria) divulgou nesta quinta um documento em que pede que o governo cadastre todos os voluntários e moradores das regiões afetadas para monitoramento de possíveis efeitos a longo prazo, com atenção especial a crianças. 

A entidade pede ainda que o governo garanta "assistência médica suficiente" a todas as pessoas com sintomas decorrentes da exposição ao petróleo derramado no litoral. “Trata-se de um grave desastre ambiental. As autoridades não podem considerar um fato isolado ou ignorar consequências que podem surgir com o tempo. Por isso, além de cuidados médicos imediatos, é necessário acompanhar os grupos atingidos para verificar como sua saúde se comporta ao longo dos anos”, disse, por meio de nota, a presidente da sociedade, Luciana Rodrigues Silva. 

A SBP recomenda ainda que nenhuma criança ou adolescente seja liberada para banho nas áreas atingidas pelo óleo e que esse grupo não faça parte da equipe de voluntários. Mesma recomendação é estendida para gestantes. Também orienta que o consumo de peixes e mariscos nessas áreas seja evitado até que novas análises descartem riscos à saúde.

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