Pequenas pelotas de óleo foram identificadas em pelo menos quatro praias de Salvador desde a madrugada desta sexta-feira (11).
É a primeira vez desde o início do registro de manchas em praias do litoral nordestino, em 02 de setembro, que o óleo é encontrado na capital baiana. Foram identificadas manchas nas praias de Stella Maris, Flamengo, Piatã e Jaguaribe.
A prefeitura de Salvador, em parceria com o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), montou um esquema de contenção e retirada do óleo. Desde a noite desta quinta-feira (10), equipes da secretaria de Manutenção e da Limpurb, empresa municipal de coleta de resíduos sólidos, ficaram de prontidão nas praias do norte de Salvador.
“A situação está sob controle. Estamos com equipes nas praias recolhendo o óleo, seguindo todos os protocolos do Ibama”, afirma Sergio Guanabara, secretário e Desenvolvimento Urbano de Salvador.
Por enquanto, somente pequenas manchas foram identificadas e ainda não foi necessário o uso de máquinas para recolher o óleo. As manchas chegaram às praias da cidade na véspera do feriado de Nossa Senhora Aparecida, período começa a alta estação para o turismo em Salvador, um dos destinos mais procurados do país.
A possível contaminação das praias preocupa os empresários do trade turístico, que ainda não registraram queda na procura ou cancelamento de reservas. “Qualquer dano ambiental prejudica o turismo. Esperamos que as autoridades ajam com rapidez para sanar este problema e que não haja dano às nossas praias”, afirma Glicério Lemos, presidente da ABIH (Associação Brasileira da Indústria de Hotéis) na Bahia.
De acordo com o Ibama, a presença de óleo já foi registrada em 139 praias de 63 municípios nordestinos – números que ainda não inclui as praias de Salvador.
Conforme mostrado pela Folha nesta quinta-feira, o óleo começou a entrar em manguezais e rios importantes da região como o Itapicuru, o Vaza-barris e até mesmo o São Francisco, atingindo estuários que são berçário de diversas espécies de plantas e animais.
O avanço do óleo prejudica a pesca e o turismo nas vilas que se estendem pelo litoral Norte da Bahia e litoral sul de Sergipe, região que mais tem recebido óleo na última semana.
As possíveis causas das manchas estão sendo investigadas pela Marinha do Brasil.
Uma análise feita pela Petrobras e outra realizada pela Universidade Federal da Bahia apontam que o óleo tem origem na Venezuela.
O governo da Venezuela negou que seja responsável pelo petróleo derramado.
Em decorrência do surgimento de manchas também na Bahia, na última quinta-feira (3), o presidente Jair Bolsonaro determinou que a Polícia Federal, o comando da Marinha e o Ministério do Meio Ambiente investiguem as causas e as responsabilidades do aparecimento das manchas.
Sobre os riscos para a saúde, a dermatologista Alessandra Romiti, coordenadora do Departamento de Cosmiatria da Sociedade Brasileira de Dermatologia, disse à Folha que o contato de banhistas e pescadores com o óleo pode causar irritações na pele e alergias.
“Os dois principais riscos para a pele são a reação alérgica, que pode gerar coceira e vermelhidão e a formação de acnes de oclusão, ou seja, acnes geradas pelo excesso de óleo na pele, similar a quando se passa produtos oleosos demais como os protetores solares.”
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