Navio de minério que encalhou no Maranhão deve ser afundado

Dona da embarcação diz que ela não tem mais condições de navegar

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Rio de Janeiro

A empresa de navegação coreana Polaris Shipping decidiu afundar o navio que encalhou no fim de fevereiro no litoral maranhense. O procedimento está sendo negociado com autoridades marítimas e ambientais brasileiras e, segundo a empresa, será feito de forma a evitar impactos ambientais.

O navio Stellar Banner deixava terminal portuário da mineradora Vale rumo à China quando tocou o fundo em um banco de areia. Estava carregado com 295 mil toneladas de minério de ferro e tinha em seus tanques 3,6 mil toneladas de óleo, que seriam usadas como combustível para a viagem.

O acidente gerou temores de um grave acidente ambiental, mas a operação de retirada da carga foi bem sucedida. Ao todo, segundo a Marinha, foram retiradas 3,9 mil toneladas de óleo do navio —volume equivalente a 75% de todo o resíduo oleoso (óleo misturado com água do mar e areia) retirado das praias nordestinas após vazamento não identificado em 2019.

Navio Stellar Banner logo após o encalhe no litoral maranhense. - AFP

Logo após o acidente, o navio chegou a derramar cerca de 300 litros de óleo no mar, mas segundo as autoridades, tratava-se de óleo residual que se encontrava no convés da embarcação. Não houve vazamento dos tanques. Um inquérito foi aberto pela Polícia Federal do Maranhão para investigar dano ambiental.

O processo de transferência da carga de minério para outras embarcações foi concluído na última quarta (3) e o navio foi reflutuado. Em nota, a Polaris Shipping diz que a inspeção feita no casco demonstra "que as condições estruturais da embarcação se deterioraram e o navio não está em condições de navegar".

Segundo a Marinha, as equipes contratadas pela empresa já iniciaram a retirada de eventuais resíduos oleosos e de objetos flutuantes e contaminantes que permanecem a bordo do Stellar Banner. A organização internacional Itopf, que avalia a poluição provocada por navios, está acompanhando os trabalhos.

A prática de provocar naufrágios artificiais não é incomum —há muitos casos de naufrágios provocados por razões turísticas, já que atraem praticantes de mergulho. Mas podem trazer riscos, como a proliferação de corais estranhos ao ecossistema local.

No início do ano, o presidente Jair Bolsonaro chegou a debater a autorização para 12 naufrágios artificiais no arquipélago de Fernando de Noronha, além da liberação de navios de cruzeiro na região, medidas que foram criticadas por ambientalistas e pelo governo de Pernambuco.

A Marinha diz que as condições do naufrágio do Stella Banner ainda serão estudadas e devem seguir "boas práticas relacionadas às questões ambientais envolvidas no processo de alijamento [afundamento do navio]".

"A Polaris continua trabalhando em estreita colaboração com as autoridades brasileiras, incluindo o Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis para garantir que quaisquer métodos sejam supervisionados e conduzidos de perto, em estrita conformidade com as regras e regulamentos em vigor, a fim de proteger o ambiente marinho", disse a empresa

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