Jovem picado por naja no DF e mais 11 são indiciados

Lista de suspeitos de tráfico de animais, associação criminosa e fraude processual, entre outros delitos, inclui ex-comandante da Polícia Ambiental

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São Paulo

A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) concluiu as investigações relacionadas ao caso da naja que picou um estudante de veterinária no DF no começo de julho. Foram 12 pessoas indiciadas, entre elas o estudante picado.

A maioria das pessoas envolvidas serão indiciadas sob suspeita de tráfico de animais silvestres, maus-tratos e associação criminosa.

O major Joaquim Elias Costa Paulino, ex-comandante do Batalhão de Polícia Ambiental da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), que foi afastado do cargo por estar supostamente atrapalhando a operação, foi indiciado sob suspeita de fraude processual, prevaricação e coação.

Uma servidora do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente), que terá sua conduta apurada pela Polícia Federal, concedia licenças para que os animais, ilegais, fossem legalizados, segundo a investigação.

Em nota, a PCDF afima que a maioria das outras pessoas foram indiciadas sob suspeita de tráfico de animais silvestres, maus-tratos e associação criminiosa.

Pedro Henrique Santos Krambeck Lehmkul, 22, comprava serpentes de traficantes e as criava em cativeiro em sua própria casa —filhotes dos reptéis eram vendidos por R$ 500. Ele foi preso preventivamente em Brasília no dia 29 de julho, após deixar a UTI onde ficou em coma depois de ser picado pela cobra que aprisionava.

Sua mãe e o padrasto, que também participariam dos crimes, e amigos que tentaram acobertar Lehmkul, retirando os reptéis do apartamento e escondendo-os após deflagrada a operação, estão entre os indiciados.

ENTENDA O CASO

Depois de picar Lehmkul, no dia 7 de julho, a naja ficou desaparecida por quase 24 horas. Ela foi localizada no começo da noite do dia seguinte, no Setor de Clubes de Brasília, próximo a um shopping center, após o testemunho de diversas pessoas.

Ela estava dentro de uma caixa e escondida atrás de um morro de areia. A suspeita é que um amigo de Lehmkul —que já foi identificado pela polícia, mas teve o nome preservado— a tenha deixado lá.

O caso acendeu um alerta vermelho para uma questão maior no país: o tráfico ilegal de animais silvestres.

Segundo relatos da polícia ambiental paulista à Folha, a percepção é a de que as apreensões cresceram nos últimos anos. Em geral são feitas denúncias anônimas que levam aos mandados de busca e apreensão e, às vezes, a capturas de até centenas de animais de uma só vez.

Sem pena de detenção, porém, o combate ao tráfico ilegal de animais e ao contrabando patina. Cobras de fora do país como a naja, originária de países do Sul Asiático, são apreendidas frequentemente.

Em geral, aplica-se uma multa no valor de R$ 2.000 em caso de animais exóticos, e de R$ 500 a R$ 5.000 para animais da fauna nacional, segundo o grau de risco de extinção da espécie.

Além disso, os traficantes, responsáveis pela reprodução e comercialização ilegal dos animais no mercado negro, raramente são pegos. Por isso, quando faz uma apreensão, a polícia busca indiciá-los também sob suspeita de maus-tratos aos animais e formação de quadrilha, crimes passíveis de pena de detenção.

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