Descrição de chapéu desmatamento

Fotógrafo passa por áreas com fogo sem ver ações do governo contra as chamas

Amazônia, que teve agosto crítico, e cerrado foram os destinos da equipe

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São Paulo

O fotógrafo Victor Moriyama e uma pequena equipe percorreram quase 4.000 quilômetros de cerrado e Amazônia nas primeiras semanas de agosto, um dos meses com quadro de queimadas mais grave no Brasil. Durante o caminho, diz se lembrar de praticamente não ter visto equipes de combate ao fogo.

De início, passaram por áreas do Matopiba, entre os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia, uma região com forte atividade agrícola. Depois, a equipe foi de Cuiabá até o porto de Santarém pela BR-163.

"Acho que cruzamos com duas viaturas do Ibama", diz Victor, sobre a sua percepção de pouca fiscalização e falta de combate aos incêndios.

As queimadas em agosto deste ano foram tão críticas quanto as de 2019, que, pela falta de controle, tomaram conta até mesmo do noticiário internacional e desgastaram ainda mais a já questionada imagem ambiental do governo Jair Bolsonaro (sem partido).

O fotógrafo conta que, no percurso da BR-163, foram acompanhados por uma névoa de fumaça. "Em Novo Progresso é uma nuvem de fumaça em cima da cidade o tempo inteiro", conta.

Essa região, no Pará, ficou em evidência em 2019 pelo "dia do fogo", no qual, segundo investigações das polícias Civil e Federal, ocorreram queimadas orquestradas para ocorrer ao mesmo tempo. Os principais suspeitos, segundo as investigações, são fazendeiros, madeireiros e empresários da região.

Na falta de equipe para combate aos incêndios relatada por Victor, houve ocasião em que a própria comunidade local teve que agir.

O caso ocorreu no assentamento 12 de Outubro, na área do município de Cláudia, em Mato Grosso. Segundo Victor, em meio à pandemia da Covid-19, os moradores tiveram que se organizar para combater as chamas.

Em meio ao céu alaranjado pelas queimadas, uma das cenas marcantes presenciadas pelo fotógrafo ocorreu em um momento em que rajadas de vento se uniram às chamas e formaram um "vendaval de fogo".

"Eu não conseguia fotografar. Eu nunca tinha visto essa junção do fogo com uma ventania. Isso me marcou muito. O fogo poderia me cercar. Vi o fogo pulando estrada", conta.

A viagem da equipe foi feita em parceria com a ONG Rainforest Foundation Norway. O objetivo era uma investigação para entender possíveis efeitos da cadeia da soja comprada pela Europa (considerando que os lugares visitados têm plantações em volta).

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