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Macron quer 'novo Acordo de Paris' sobre biodiversidade

Em participação no Fórum Econômico Mundial, presidente francês defendeu maior responsabilização das empresas pelos danos ambientais

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Bruxelas

O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que espera negociar o “equivalente ao Acordo de Paris” em torno da biodiversidade na COP-26, reunião sobre o clima prevista para novembro deste ano, na Escócia.

“Não é possível perseguir nossos objetivos para o clima sem adotar também a pauta da biodiversidade”, disse Macron, ao ser entrevistado nesta terça (26) pelo fundador e presidente do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab.

O acordo, segundo o presidente francês, implica “mudanças na forma de produção de nossa agricultura, no nosso modo comum de consumo e de vida”.

A agressão à biodiversidade é uma das principais críticas feitas por Macron e outros políticos e entidades internacionais ao governo do presidente Jair Bolsonaro, principalmente em relação ao desmatamento da Amazônia.

O presidente da França faz sinal de positivo com o polegar, de terno prego e gravata escura
O presidente da França, Emmanuel Macron, em entrevista ao vivo feita pelo fundador do Fórum Econômico Mundial, Klaus Schwab - François Mori/Reuters

Segundo Macron, a “prioridade das prioridades” é retomar uma ação global coordenada em relação ao clima, favorecida pela volta dos Estados Unidos ao Acordo de Paris sob a presidência de Joe Biden —o ex-presidente Donald Trump havia retirado o país do acordo em 2017.

De acordo com o presidente francês, os dois anos que se seguiram à saída americana foram de “resistência formidável, em que o castelo de cartas não desmoronou”. Para contornar a resistência do governo Trump, governos mantiveram o debate com o setor privado americano, segundo ele.

Pressionado pelo crescimento do Partido Verde na França, Macron tem adotado agressivamente a pauta ambiental em seus discursos e em políticas públicas. No ano passado, ele instituiu um grupo de 150 cidadãos escolhidos por sorteio para formularem medidas de política ambiental, que estão agora em discussão no Executivo e no Legislativo.

Em dezembro, a França firmou um compromisso com as empresas do CAC 40 (índice das maiores companhias da Bolsa francesa) para adotar uma metodologia comum de transparência na informação sobre esforços para reduzir as emissões de gás carbônico.

Segundo Macron, a pandemia de coronavírus deixou evidente que nem tudo pode ser decidido sob o prisma do lucro: “Fizemos no mundo todo o inimaginável; paralisamos as atividades econômicas para proteger a vida”. Outra lição, segundo ele, é que tudo o que se refere à ecologia e ao clima têm impacto direto no nosso dia a dia.

Comentando a declaração de que “o capitalismo ficou louco”, feita por ele em reunião da OIT (Organização Internacional do Trabalho) de 2019, Macron disse que a crise da democracia exige não só uma ação do Estado mas também uma responsabilização dos principais beneficiários do sistema pelos danos que ele causa ao ambiente e pela desigualdade de renda.

“Criamos um sistema em torno de dois reis, o consumidor e o acionista, que os serve à custa de um ajuste em cima dos trabalhadores e do planeta”, disse o presidente da França. De acordo com ele, o Estado não pode pagar sozinho por essas externalidades negativas (a alteração climática e a desigualdade de renda), porque “no fim é o contribuinte que vai pagar por tudo isso, embora não possa colher todos os benefícios”.

O governo francês, segundo ele, pretende “reformar as empresas por dentro, para que elas considerem o impacto de suas ações nas dimensões econômica, social, ambiental e democrática”.

Macron ressalvou os “sucessos reais” do sistema - abertura das economias, comércio global, inovações - que “tiraram milhões de pessoas da pobreza”, mas disse que o outro lado da moeda foi “a perda da atividade, da utilidade social e do acesso ao salário de muitos de nossos concidadãos”, a destruição da natureza e a crise da democracia.

Mas, segundo ele, é preciso construir “um novo consenso, cujas regras não sejam a redução do Estado, o declínio do setor público e a criação de valor apenas para os acionistas”.

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