Descrição de chapéu desmatamento

Dez cidades concentram 21% do desmatamento na mata atlântica; saiba quais

Dados do desmate em municípios foram divulgados nesta quarta; site permite ver quanta mata resta na cidade

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São Paulo

As cidades que mais desmataram mata atlântica, no período de 2019 a 2020, concentram-se em Minas Gerais, Bahia e Mato Grosso do Sul, segundo o Atlas dos Municípios da Mata Atlântica, relatório da ONG SOS Mata Atlântica, feito em conjunto com o Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais).

Os dez municípios que mais desmataram concentram 21% da destruição no bioma, que somou 13.053 hectares no período citado, dado reportado recentemente em outros documentos produzidos pela SOS Mata Atlântica. O valor representa uma pequena queda em relação ao período anterior, no qual foram derrubados 14.502 hectares.

O bioma é o mais devastado do país e possui só pouco mais de 12% de sua cobertura original. O relatório sobre o desmate geral, publicado em maio, aponta que a perda de vegetação está estável, mas em um patamar alto para um bioma muito ameaçado.

O líder na destruição foi, ironicamente, a turística Bonito, em Mato Grosso do Sul, com 416 hectares de mata atlântica derrubados. Em seguida, aparecem Águas Vermelhas, em Minas Gerais, e Wanderley, na Bahia, com, respectivamente, 369 e 350 hectares derrubados.

Veja, a seguir, a lista completa dos dez municípios com maiores desmatamentos no bioma:

Municípios com mais desmatamento na mata atlântica

  1. Bonito - Mato Grosso do Sul

    416 hectares desmatados

  2. Águas Vermelhas - Minas Gerais

    369 hectares desmatados

  3. Wanderley - Bahia

    350 hectares desmatados

  4. Montalvânia - Minas Gerais

    286 hectares desmatados

  5. Pedra-Azul - Minas Gerais

    286 hectares desmatados

  6. Cotegipe - Bahia

    273 hectares desmatados

  7. Ponto dos Volantes - Minas Gerais

    220 hectares desmatados

  8. Miranda - Mato Grosso do Sul

    219 hectares desmatados

  9. Encruzilhada - Bahia

    175 hectares desmatados

  10. Francisco Sá - Minas Gerais

    166 hectares desmatados

Nenhuma capital de estado está no top 100 dos municípios com mais desmate.

Os resultados da pesquisa foram disponibilizados no site “Aqui tem Mata?”, no qual é possível verificar, a partir da pesquisa por nomes de municípios, dados sobre os remanescentes de mata atlântica na cidade, unidades de conservação, evolução do desmatamento, entre outros.

No caso de São Paulo —que ocupa a posição 278 no ranking de desmate—, por exemplo, o site mostra que existem 26.540 hectares da mata preservados na cidade, o equivalente a pouco mais de 17% da formação original do bioma no município. Mostra também algumas unidades de conservação que cercam (ou se encontram) a cidade, como a Área de Proteção Ambiental Bororé-Colônia, o Parque Estadual da Serra do Mar e a Área de Proteção Ambiental Sistema Cantareira.

O desmatamento no estado de São Paulo, por sua vez, apresentou um crescimento representativo, saindo de 43 hectares para 218, aumento de mais de 400%.

O desmatamento em outros estados, porém, é mais expressivo. Minas Gerais perdeu 4,7 mil hectares do bioma, Bahia, 3,2 mil e Paraná 2,1 mil. Em seguida aparecem Santa Catarina, com 887 hectares desmatados e Mato Grosso do Sul, com perda de 851 hectares.
Diferentemente da Amazônia, onde a expansão pecuária é um dos principais motores de desmatamento, na mata atlântica a proximidade com as principais áreas urbanas do país é um dos fatores que acabam por impulsionar o desmatamento, pela expansão imobiliária, por exemplo.
Mas, no caso do top 10 de desmate da mata atlântica, a expansão agropecuária é o fator preponderante, afirmou Luís Fernando Guedes Pinto, diretor de Conhecimento da SOS Mata Atlântica, durante live de lançamento do atlas dos municípios, no fim da tarde desta quarta-feira (30).

Outra pesquisa, publicada nesta semana na revista Conservation Letters, mostrou que, em anos de eleição, o desmatamento na mata atlântica costuma crescer.

O estudo também aponta que, apesar da forte legislação construída para proteger e regular a mata nas últimas décadas e da tendência de diminuição da associação do desmate com anos políticos no bioma, há atualmente riscos de retrocessos ambientais, o que tem sido apontado por diversos pesquisadores e relacionado a políticas do governo Jair Bolsonaro (sem partido), na área.

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