Descrição de chapéu desmatamento

Militares voltarão a atuar na Amazônia para tentar conter desmatamento

Vice-presidente Hamilton Mourão informou que nova GLO foi autorizada por Bolsonaro e custará R$ 50 milhões

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Brasília

O vice-presidente Hamilton Mourão anunciou nesta sexta-feira (11) que os militares voltarão a atuar na Amazônia a partir da próxima semana para tentar conter o avanço do desmatamento na região.

Mourão disse a jornalistas que o presidente Jair Bolsonaro autorizou uma operação de GLO (Garantia da Lei e da Ordem) mais enxuta, que vai durar dois meses e custará R$ 50 milhões.

"Está autorizada pelo presidente. Conversei com o presidente ontem [quinta-feira (10)]. Ele autorizou, já estamos fechando o planejamento. Falei com o ministro Paulo Guedes [Economia]. O recurso, em torno de R$ 50 milhões para fazer isso aí pelos próximos dois meses, ele disse que isso aí não é problema. Então, agora, a gente precisa fechar onde vai ser a principal área de operações", disse Mourão.


De acordo com o vice-presidente, que comanda o Conselho da Amazônia, a área de atuação ainda está sendo definida.

"Estamos definindo certinho para poder atacar de forma bem, vamos dizer assim, em massa, onde está acontecendo a maior parte do problema", afirmou.

De acordo com o monitoramento de focos ativos do Programa Queimadas, do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Amazônia teve 1.166 focos de queimada somente em maio, recorde para o mês desde 2008, já que em 2007 foram registrados 1.176 focos. De janeiro até agora, já são 4.677.

O tamanho do efetivo será definido pelo Ministério da Defesa, que informou que isso dependerá do teor do decreto presidencial a ser publicado e, consequentemente, da definição da área de atuação.

"As Forças Armadas, sob a coordenação do Ministério da Defesa, permanecem prontas para fortalecer as ações dos órgãos de fiscalização e combate aos ilícitos ambientais que já compõem o Grupo de Integração para Proteção da Amazônia, coordenado pelo Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia", informou a pasta em nota.

Mourão disse que o mais provável é que sejam usados os militares das brigadas de Marabá (PA) e de Rondônia, que poderia atuar no sul do Amazonas.

O próprio vice-presidente, porém, admitiu que este efetivo pode não ser suficiente.

"O plano é você estender as operações, mas aí tudo depende de recursos", disse Mourão ao falar sobre um eventual plano B.

Em fevereiro, Mourão anunciou a retirada das tropas a partir de 1º de maio, depois de um ano de atuação de militares na região.

A GLO na Amazônia começou em maio do ano passado e foi prorrogada três vezes. O fim dela, por decreto, já estava previsto para 30 de abril. É a GLO que permite a atuação das Forças Armadas na região.

Segundo disse Mourão em fevereiro, de 15 de maio de 2020 a 30 de janeiro deste ano, a Operação Verde Brasil 2 havia custado cerca de R$ 400 milhões.

Com a saída dos militares no mês passado, a ideia era que a fiscalização fosse feita com os efetivos próprios de Ibama, ICMBio, Funai, Incra, além das polícias Federal e Rodoviária Federal. Os efetivos das agências ambientais, no entanto, estão defasados.

Em nota, a Ascema (Associação Nacional dos Servidores da Carreira de Especialista em Meio Ambiente) criticou a decisão de uma nova GLO.

"Para nós, servidores da carreira de especialistas em meio ambiente, não faz o menor sentido que tanto dinheiro público continue sendo gasto com apoio militar enquanto os principais órgãos ambientais do país estão sucateados e em condições precárias de funcionamento", manifestou-se a associação em nota.

​A Ascema cobrou que, caso a GLO se confirme, a autonomia dos órgãos ambientais seja mantida.

"Embora sejam de fundamental importância para apoio à segurança e logística das operações, os militares das Forças Armadas não detém a expertise acumulada pelo Ibama e ICMBio no combate ao desmatamento, não sendo plausível a submissão de órgãos ambientais civis ao comando de instituições militares", afirmou.

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