'Dragão azul', molusco raramente avistado, é encontrado no litoral de SP

Animal libera toxina que pode causar queimaduras

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Santos

Um molusco que raramente é avistado, conhecido popularmente como dragão azul (Glaucus atlanticus), foi flagrado numa praia de Bertioga, no litoral sul paulista, e rapidamente a sua imagem viralizou nas redes sociais nesta terça-feira (7).

A aparição foi registrada por uma moradora local, a arquiteta Dalma Mesquita Ferreira, 61. O encontro aconteceu enquanto ela caminhava pela faixa de areia na Riviera de São Lourenço, bairro do município. Ela conta que chegou a confundir o animal, que é um predador de águas-vivas e caravelas-portuguesas, com uma tampa de garrafa.

Imagem mostra molusco conhecido como dragão azul, que foi encontrado no feriado prolongado em Bertioga, litoral sul de SP
Molusco conhecido como dragão azul encontrado no feriado prolongado em Bertioga, litoral sul de SP - Arquivo pessoal

"Eu caminho todos os dias e, consequentemente, encontro muito lixo e diversos animais. Quando vi algo azul, bem na beira [do mar], pensei que fosse uma tampinha, mas, quando me aproximei, já logo notei algo mexendo. Registrei rapidamente, tenho por regra tentar não pôr a mão no bicho. Foi tempo suficiente para fazer alguns registros e a onda levá-lo novamente ao mar", disse.

As imagens foram publicadas em redes sociais por seu filho, o biólogo especializado em vida marinha Rafael Mesquita. "Quando enviei para o meu filho, ele logo apontou o que era. Nos quilômetros que percorro diariamente o que mais encontro é lixo, isso é impressionante, principalmente o que vem de embarcações. Foi uma experiência positiva desta vez, pois estava com vida."

O molusco é conhecido por ser um predador de águas-vivas e, principalmente, das caravelas-portuguesas (Physalia physalis), espécie da mesma família das águas-vivas que ganhou esse nome por parecer uma pequena embarcação antiga.

O dragão azul solta toxinas e pode causar queimaduras e danos no corpo também dos humanos. Segundo o biólogo José Eduardo Marian, professor do departamento de zoologia do Instituto de Biociências da USP, a aparição se torna incomum pela dificuldade de registros do dragão azul.

"São animais que vivem em mar aberto, flutuando. Eles aprisionam gás e ficam na superfície, então é muito difícil registrá-los. Os Glaucus usam as caravelas como fonte de alimentos e aproveitam suas células para a sua própria defesa. É um animal comum, mas de difícil acesso", disse Marian.

O animal não chegou a ser registrado pelo Programa de Monitoramento de Praias, que na região é coordenado diariamente pelo Instituto Gremar. Ele não é considerado fauna-alvo do projeto, que percorre as praias do litoral paulista até Santa Catarina.

No último ano, o dragão azul teve aparição numerosa no litoral catarinense devido a uma série de colônias migratórias. A movimentação foi acompanhada pela ONG Educamar, de Balneário Arroio do Silva (a 226 km de Florianópolis).

"Já tinha registrado uma velella [outro tipo de água-viva], além de caranguejos, caravelas e aves, mas este é bem incomum", comemora a arquiteta.

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