Aparição rara de elefante-marinho chama atenção no litoral norte de SP

Último registro da espécie em Ubatuba havia sido feito por ONG em 2007

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Santos

A aparição incomum de um elefante-marinho-sulamericano (Mirounga leonina) de aproximadamente duas toneladas na última sexta-feira (4) intrigou turistas e banhistas presentes na praia do Saco da Ribeira, em Ubatuba, no litoral norte paulista.

Segundo o Instituto Argonauta, responsável pelo monitoramento de animais diário das praias da região, o registro com atendimento mais recente dessa espécie havia sido feito em 2007, há quase 15 anos.

Desde o início do Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia de Santos em outubro de 2015, programa financiado pela Petrobras como condicionante ambiental para a exploração de petróleo e gás, essa foi apenas a segunda aparição em praias de todo o estado.

O elefante-marinho descansa na praia Saco da Ribeira, em Ubatuba (SP)
O elefante-marinho descansa na praia Saco da Ribeira, em Ubatuba (SP) - Divulgação/Instituto Argonautas

Em julho de 2016, uma fêmea foi registrada pelo Ipec (Instituto de Pesquisas de Cananéia).

"Teoricamente, a aparição deste indivíduo solitário seria possível quase que exclusivamente no sul do país. O que mais estranhamos foi o local, claro, mas, principalmente, a época, pois geralmente isso ocorre no inverno", afirma a bióloga Carla Beatriz Barbosa, coordenadora do trecho 10 do PMP-BS no Instituto Argonauta.

As mudanças provocadas por fenômenos como El Niño ou La Niña, segundo a bióloga, "podem ter afetado significativamente o padrão das correntes, mas é algo que só conseguiremos entender com o tempo e mais incidências".

Entre pesquisadores e ambientalistas, pode haver ligação o fato de alguns pinguins terem sido avistados precocemente por biólogos da Udesc (Universidade do Estado de Santa Catarina), responsável por parte do monitoramento no litoral catarinense. Geralmente, eles surgem na costa brasileira somente a partir de maio.

O elefante-marinho encontrado tem quatro metros de comprimento e é considerado um macho-juvenil. Após avaliações veterinárias, ele permanece no local em período de descanso e em processo de muda, termo utilizado para quando há troca de pele e pelos.

Mais recentemente, uma fêmea da mesma espécie foi avistada em fevereiro em São Sebastião. Posteriormente, o animal só foi visto novamente no litoral da Bahia.

Desde 2015, há 19 registros inseridos no sistema público do PMP-BS de elefantes-marinhos nos 15 trechos cobertos entre Saquarema, no Rio de Janeiro, e Laguna, em Santa Catarina. Quinze deles ocorreram em Santa Catarina.

Em 2020, o Rio de Janeiro teve dois casos registrados, um deles em março quando um filhote encalhou na praia da Barra da Tijuca.

A espécie é migratória e mergulha a até mil metros de profundidade. O elefantes-marinhos se alimentam de quase todos os tipos de peixe, além de lula e polvos. Os principais predadores são os tubarões brancos e as orcas.

O Instituto Argonauta alerta que o animal pode se tornar agressivo e tenta monitorar o local para que não haja tentativa de aproximação humana no período.

"Se ele se sentir ameaçado, apesar de não se locomover com rapidez, ainda consegue ser bem ágil em terra e ainda mais na água. Pode ser bastante agressivo", explica a bióloga Carla Beatriz Barbosa.

Marinas locais também alertaram embarcações para evitar passeios e som alto próximo ao local.

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