Captura direta do ar: nova tecnologia promete ajudar a atingir neutralidade de carbono

Método, ainda caro, ganhou impulso com investimento recente de grandes empresas

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Financial Times

Cortar as emissões não é suficiente. Estabilizar o clima também requer a remoção de carbono do ar, alertou recentemente a ONU. Por enquanto, a tecnologia é muito limitada e cara. Mas algumas das maiores empresas do mundo querem acelerar o desenvolvimento.

Em abril, Stripe, Alphabet, Shopify, Meta e McKinsey se comprometeram a gastar quase US$ 1 bilhão (R$ 4,79 bilhões) fazendo exatamente isso nos próximos nove anos.

Seu compromisso antecipado com o mercado visa a promover tecnologias inovadoras, garantindo a demanda futura por elas. O dinheiro será gasto em projetos de captura direta de ar (DAC, na sigla em inglês), que têm potencial para serem de baixo custo —menos de US$ 100 (R$ 479) por tonelada— e alto volume no futuro.

Dois homens conversam diante de uma grande estrutura de concreto e metal usada para capturar dióxido de carbono da atmosfera
Fachada da usina de captura de gás carbônico da empresa Climeworks inaugurada em 2021 na Islândia - Divulgação

O objetivo é armazenar carbono permanentemente, ou pelo menos por mais de mil anos. Isso evita os riscos de projetos naturais de sequestro de carbono, como o plantio de árvores, que são vulneráveis ao fogo e à decomposição.

Os custos do DAC são atualmente de pelo menos US$ 250 (R$ 1.199) por tonelada de CO2 removido, diz o Instituto de Recursos Mundiais. O CO2 representa apenas 0,04% do ar, portanto, prender uma tonelada do gás significa processar tanto ar quanto caberia em cerca de 525 piscinas olímpicas. Isso o torna muito mais caro do que capturar carbono de processos industriais ou usinas de energia, onde as emissões são mais concentradas.

Portanto, a energia renovável barata desempenha um papel importante no DAC. A start-up suíça Climeworks, que arrecadou US$ 650 milhões em abril (R$ 3,1 bilhões), e a islandesa Carbfix estão usando energia geotérmica para alimentar os ventiladores da maior usina de DAC do mundo, na Islândia. Uma vez que o ar é sugado, o dióxido de carbono é captado em um filtro químico. Em seguida, é injetado no subsolo, onde é transformado em rocha por mineralização, um processo natural.

A capacidade de uma planta planejada pela Occidental Petroleum na Bacia do Permiano (Texas) será 250 vezes maior, capaz de remover 1 milhão de toneladas de CO2 por ano. Vai custar até US$ 1 bilhão; a meta é construir 70 até 2035, disse a empresa americana em março.

É improvável que os investidores atribuam valor à oportunidade ainda. Há muita incerteza: financiamento excessivo, apoio governamental, redução de custos e o tamanho do mercado voluntário de compensação.

Há muito o que fazer antes que a tecnologia atinja a maioridade. A proporção de emissões de carbono atualmente sendo captada foi comparada com o resgate do Titanic usando-se um conta-gotas. O DAC não é uma alternativa para reduzir as emissões. Mas, ampliado, poderia dar uma contribuição crucial.

Tradução de Luiz Roberto M. Gonçalves

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