Descrição de chapéu desmatamento

Alta de incêndios não reflete a realidade do governo, diz ministro do Meio Ambiente

Pereira Leite foi ouvido na Câmara e não comentou orçamento da pasta para o combate a queimadas em florestas

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Brasília

O ministro do Meio Ambiente, Joaquim Alvaro Pereira Leite, disse nesta quarta-feira (6) que os dados de maio deste ano sobre incêndios não refletem a realidade do governo. Nesse período, a Amazônia brasileira teve o pior número de queimadas desde 2004, enquanto o cerrado também teve recorde para o mês.

O ministro foi ouvido na Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara dos Deputados.

Leite foi questionado por deputados sobre os incêndios no Brasil, com base em reportagens veiculadas pela imprensa. O deputado Leo de Brito (PT-AC) citou texto da Folha que aponta números piores do ministro em relação ao antecessor, Ricardo Salles.

O ministro Joaquim Alvaro Pereira Leite durante participação na COP26, em Glasgow, no ano passado - Yves Herman - 12.nov.2021/Reuters

"Eu vou começar um pouco sobre os dados. Eu acho importante lembrar que mensurar a gestão por um dado do mês de maio de incêndios das reportagens que foram citadas aqui não traz a realidade da ação do governo federal. O governo federal tem sido mais rígido no controle de produtos florestais", disse Leite.

Em seguida, ele elencou ações da pasta para melhorar a estrutura de órgãos de fiscalização, como o Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) e o ICMBio (Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade). Entre as medidas estão a compra de tratores, caminhonetes, coletes balísticos, contratação de helicópteros.

Para Leite, o foco do governo Bolsonaro em relação à mudança do clima tem que ser a energia renovável. Ele disse que o país é responsável por 2,9% da emissão global de gás de efeito estufa e de cerca de 0,8% do desmatamento.

O deputado Elias Vaz (PSB-GO) chegou a questionar o ministro sobre o orçamento aplicado pela pasta. Segundo dados do Siop (Sistema Integrado de Planejamento do Orçamento), apresentados pelo congressista, só houve a liquidação de 15,88% dos recursos destinados ao controle de incêndios de áreas prioritárias em 2022.

Leite, entretanto, não comentou especificamente essa rubrica do orçamento. Ele disse que pode haver uma diferença entre o que foi empenhado e executado.

Como a Folha mostrou, o perfil mais discreto de Leite conseguiu amenizar o noticiário negativo para o governo nessa área, mas, na prática, o ministro manteve a agenda de desmonte liderada por Bolsonaro.

Nos primeiros seis meses deste ano, a Amazônia teve quase 8.000 focos de incêndio detectados pelos satélites do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). É um aumento de 16% em relação ao mesmo período de 2021, quando Salles ainda era ministro.

Estudos sobre o setor, no entanto, mostram uma piora no quadro em várias frentes. A quantidade de incêndios na Amazônia e no cerrado, por exemplo, está 20% maior neste ano em relação ao mesmo período de 2021, quando Salles ainda era o ministro. A informação é do Inpe.

O desmatamento na Mata Atlântica cresceu ainda mais e atingiu em 2022 nível 66% maior que no ano passado, segundo a ONG SOS Mata Atlântica.

Outro dado negativo diz respeito às áreas com alerta de desmatamento na Amazônia, que bateram recorde em abril, de acordo com o Deter, do Inpe, um programa do órgão que dispara avisos de ocorrências desta natureza e que tem a função de auxiliar ações de fiscalização ambiental. Ao todo, foram derrubados 1.012,5 km² de floresta.

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