Descrição de chapéu Planeta em Transe desmatamento

Amazônia tem recorde de desmatamento para o mês de junho

Derrubada de florestas atingiu 1.120 quilômetros quadrados, maior área registrada desde 2016, segundo monitoramento do Inpe

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São Paulo

Áreas com alerta de desmatamento na Amazônia Legal em junho de 2022 chegaram a 1.120 km², segundo dados do Deter, programa de monitoramento do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais). Esse é o maior valor para o mês de junho desde 2016.

A série de monitoramento do instituto começou em agosto de 2015. Assim, o desmatamento de junho de 2022 é o maior desde o início da série para esse mês.

Antes disso, o recorde para o mês de junho tinha sido em 2021, quando 1.061 km² da floresta foram destruídos.

Área de garimpo ilegal que promove devastação na floresta amazônica, na região da bacia do rio Tapajós, no Pará - Pedro Ladeira - 24.fev.2022/Folhapress

Em 2022, o mês de abril tinha sido o único a apresentar uma área de desmatamento que ultrapassou a casa de mil quilômetros quadrados –no total, foram 1.012,5 km². Agora, junho também mostra essa marca no desmate da floresta e figura como o mês com maior área desmatada em 2022. ​

Para efeito de comparação, o município de São Paulo tem cerca de 1.521 km², segundo a Fundação Seade. O total desmatado só em junho na Amazônia seria equivalente a derrubar mais de 74% da capital.

Em nota, o Observatório do Clima destaca que o desmatamento em junho de 2022 representa um aumento de 120% em comparação ao mesmo mês em 2018, último ano do governo Temer —quando registrou-se cerca de 488 km² desmatado.

A organização ainda diz que os dados desmontam o argumento do ministro Joaquim Leite, que afirmou em audiência na Câmara na quarta (6) que estaria ocorrendo queda do desmatamento em razão da operação Guardiões do Bioma Amazônia, lançada em março.

A organização também explica que a APA (Área de Proteção Ambiental) do Tapajós, no Pará, foi a que teve maior número de alertas de desmatamento —no total, foram 571. Ela é seguida pela Reserva Extrativista Chico Mendes, localizada no Acre, com 411 alertas. Em terceiro lugar, figura a Floresta Nacional do Jamanxim, também no Pará, e que registrou 262 avisos.

Dados das cidades com maiores índices de desmatamento também foram ressaltados pelo Observatório do Clima. Porto Velho, capital de Rondônia, foi o que registrou o maior registro de alertas —2.450, no total. A cidade Lábreas, no Amazonas, figura em segundo lugar com 2.071 avisos. Ela é seguida pelo município São Félix do Xingu que registrou 1.779 alertas.

O Observatório ainda chama atenção para o aumento do desmatamento na região sul do Amazonas, como é o caso do município Lábreas. Segundo a organização, o maior registro tem relação com o aumento da grilagem de terras na região em razão do projeto de pavimentação da BR-319, que liga Manaus (AM) e Porto Velho (RO).

"A estrada corta uma das áreas mais intocadas da floresta amazônica e estudos indicam que seu asfaltamento quadruplicará a devastação", informa a organização.

Balanço de 2022

Com a nova atualização do Inpe, cerca de 3.971 km² da Amazônia Legal foram destruídos só em 2022.

A área destruída entre o primeiro e o segundo trimestre do ano mais que triplicou. No primeiro trimestre do ano, foi registrada uma área de 940 km² desmatada. No segundo trimestre, o desmatamento chegou a 3.031 km².

Comparando com anos anteriores, é a partir do mês de junho, período em que se inicia a estação seca, que as áreas desmatadas tendem a crescer. Mesmo assim, o desmatamento de mais de 1.000 km² da Amazônia é considerado atípico para qualquer época do ano.

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