Objetivos climáticos de gigantes petrolíferas são incompatíveis com Acordo de Paris

Planos vão resultar em aquecimento do planeta acima do limite, segundo pesquisadores

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Paris | AFP

Os planos de descarbonização de várias gigantes do petróleo são "incompatíveis" com os objetivos do Acordo de Paris para evitar um aquecimento devastador, segundo um estudo divulgado nesta terça-feira (16).

Publicado na revista Nature Communications, o estudo realizado por uma equipe internacional de especialistas analisa seis cenários de emissões propostos por três gigantes europeias do setor energético: Equinor, BP e Shell, assim como os elaborados pela Agência Internacional de Energia (AIE).

Plataformas de petróleo da Equinor no mar do Norte, na Noruega - Ints Kalnins/Reuters

Depois, compararam os cenários com os descritos em um relatório do grupo de especialistas climáticos das Nações Unidas (Giec) para limitar em 1,5°C o aquecimento médio do planeta.

"A maioria dos cenários que analisamos são incompatíveis com o Acordo de Paris, pois não conseguem limitar o aquecimento a menos de 2°C e vão superar amplamente o limite de 1,5°C", declarou Robert Brecha, do think tank Climate Analytics, principal coautor do estudo.

A análise conclui que o cenário da Shell, chamado Sky, levaria a um aquecimento de 1,81°C daqui até 2069.

Um porta-voz da Shell declarou à AFP que esse cenário Sky é apenas uma possibilidade entre muitas e acrescentou que suas equipes fazem "avaliações baseadas em hipóteses e quantificações plausíveis, que não são destinadas a ser previsões de acontecimentos ou resultados futuros prováveis".

Por sua vez, o cenário Rebalance, da Equinor, resultaria em um aquecimento de 1,73°C acima dos níveis pré-industriais daqui até 2060, segundo a pesquisa.

Já o cenário Rapid, da British Petroleum (BP), causaria um pico de aquecimento de 1,73°C de hoje até 2058, enquanto o cenário Net Zero levaria a um aquecimento médio máximo de 1,65°C, segundo a análise.

A Equinor não quis comentar a pesquisa, enquanto a BP não respondeu aos pedidos de comentários.

Para os autores do estudo, apenas o cenário "Net Zero 2050" da AIE está plenamente em conformidade com o Acordo de Paris. Firmado em 2015, o acordo levou as nações a se comprometerem a limitar o aquecimento climático do planeta a um nível "bastante inferior" a +2°C com relação à era pré-industrial, ou a +1,5°C se for possível.

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