Indígenas puxam marcha do clima em Nova York com 'fora, Bolsonaro'

Brasileiros discursaram em protesto organizado em paralelo à Assembleia-Geral da ONU

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Nova York

"A Amazônia está pegando fogo, Bolsonaro é mentiroso" foi um gritos repetidos, em inglês, por centenas de pessoas reunidas na marcha do clima de Nova York na tarde desta sexta-feira (23).

O protesto foi puxado por indígenas de vários países, incluindo as lideranças brasileiras Txai Suruí e João Pankararu. Eles também entoaram em português os gritos "demarcação já" e "fora, Bolsonaro".

"Nós estamos na linha de frente dessa luta. Lutamos com nossos corpos, com nossas vidas. Quem vai devolver as vidas que perdemos?", discursou, em inglês, a ativista indígena e colunista da Folha Txai Suruí.

Indígenas discursam em um palco ao ar livre
Txai Suruí (ao microfone) discursa na marcha do clima realizada em Nova York nesta sexta-feira (23) - Kamikia Kisedje/Apib/Divulgação

Produtora-executiva do filme "O Território", que conta a luta do povo uru-eu-wau-wau em defesa do seu território, Txai encerrou seu discurso com um grito de "fora, Bolsonaro", repetido pelo público.

João Pankararu discursou sobre a contribuição indígena para a proteção da biodiversidade. "Quer ver a floresta em pé? Devolva a terra para os guardiões dos rios, das matas e dos conhecimentos tradicionais", afirmou.

"Estamos numa era de viagens espaciais, avanços tecnológicos, mas não preservamos a vida, então qual o objetivo de avançar tanto?", questionou Pankararu.

A marcha também contou com discursos de líderes indígenas de outros países, como Equador e Panamá. Eles estão reunidos desde o início da semana para os eventos da Semana do Clima de Nova York.

Na terça (20), eles se juntaram a um protesto puxado pelos brasileiros em frente ao consulado brasileiro enquanto Jair Bolsonaro discursava na Assembleia-Geral da ONU. O presidente afirmou que 80% da Amazônia estão intocados —embora menos da metade do território amazônico seja protegido por lei.

Uma das faixas carregada por dois manifestantes brasileiros levava a mensagem "stop Bolsonaro" (pare Bolsonaro). Ao final da marcha, uma apoiadora do presidente começou uma discussão, mas foi apartada do grupo.

A marcha do clima foi organizada pelo movimento Fridays for Future (Sextas pelo Futuro), iniciado pela ativista sueca Greta Thunberg. Embora ela não tenha ido até os Estados Unidos, o protesto contou com a presença da ativista ugandense Vanessa Nakate, que também integra o movimento e ascendeu nas discussões globais nos últimos dois anos, encampando especialmente a pauta da justiça climática.

Os ativistas americanos reuniram pautas locais —como a tentativa de impedir uma nova infraestrutura de gás na região do Bronx— e nacionais, com o pedido para que o presidente Joe Biden reconheça em um decreto a emergência climática.

A marcha também fez um pedido aos líderes internacionais, estampado em placas e camisetas, para que a destruição ambiental seja punida como um crime de ecocídio.

"Meus pais são yorubá, minha bisavó saiu da Nigéria para o Brasil, então eu sei que a consciência integra as nossas soluções locais ao contexto global, pois estamos todos conectados", disse à Folha a ativista americana Aderinsola Babawale, 20, integrante do Fridays for Future há um ano.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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