Equipe de Lula cobra do governo federal dados de desmatamento

Folha mostrou que informações estão prontas, mas só devem ser divulgadas após a COP27

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São Paulo

O vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB) afirmou na tarde desta segunda-feira (14), em entrevista coletiva, que a equipe de transição do governo Lula enviará ao governo Bolsonaro um requerimento cobrando os dados anuais de desmatamento.

Conforme a Folha mostrou, as informações estão prontas, mas, no atual governo federal, há previsão de divulgá-las apenas após a COP27, a conferência do clima da ONU, que vai até o dia 18, no Egito.

De acordo com Alckmin, serão solicitados os relatórios completos do Prodes (Projeto de Monitoramento do Desmatamento na Amazônia por Satélite) no período de agosto de 2021 a julho de 2022, para que os dados sejam analisados e a equipe possa tomar as "medidas necessárias" em seus "planos imediatos".

Ainda segundo o vice-presidente, o pedido será encaminhado ao ministro-chefe da Casa Civil, Ciro Nogueira (PP), e ao Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Especiais), órgão responsável por compilar as informações sobre o desmatamento.

Montes de árvores são queimados em área desmatada às margens da rodovia Transamazônica; equipe de transição cobra dados de desmatamento do atual governo - Lalo de Almeida/Folhapress

Questionado sobre as ações emergenciais que o novo governo pretende tomar já em janeiro de 2023 em relação ao desmatamento e se o orçamento previsto na PEC da transição contempla essa área, Alckmin afirmou que o tema é uma grande preocupação.

Ele destacou a ida do presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva à COP27 e apontou propostas da campanha eleitoral, como fiscalização e recuperação dos órgãos ambientais.

"Haverá um esforço muito grande para o Brasil poder ser o líder, o grande protagonista da questão das mudanças climáticas, por isso estamos fazendo esse requerimento, pedindo as informações para o governo federal e para o Inpe em relação ao Prodes, e claro que as necessidades orçamentárias, no momento adequado, serão viabilizadas", disse Alckmin.

Ao lado do vice-presidente na coletiva, Aloizio Mercadante (PT), um dos coordenadores da equipe de transição, complementou a resposta afirmando que o Fundo Amazônia tem cerca de R$ 3 bilhões atualmente bloqueados pela falta de compromisso do governo brasileiro no combate ao desmatamento.

"Nós já tivemos conversas com o governo da Alemanha e da Noruega, que vão autorizar no dia seguinte à posse a liberação dos recursos", disse Mercadante.

"E na PEC da transição também há recursos específicos para recomposição orçamentária do Ministério do Meio Ambiente, especialmente dos órgãos de controle, porque essa é uma prioridade decisiva."

Ainda na coletiva, Alckmin foi indagado sobre a viagem do presidente eleito para o Egito. Lula está nesta segunda a caminho de Sharm el-Sheikh, onde ocorre a conferência do clima, e sua agenda oficial começa na quarta (16).

Como revelado pela coluna Mônica Bergamo, o presidente eleito viaja em avião do empresário José Seripieri Junior, fundador da Qualicorp, e Alckmin foi perguntado se a aeronave teria sido emprestada.

"A informação que eu tenho é que não é emprestado. O proprietário está indo junto para a COP, ele também vai participar da COP, está indo junto, então não tem empréstimo, estão indo juntos no mesmo avião. Estão indo mais pessoas: ex-governador, lideranças políticas, ambientais, todos juntos", afirmou.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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