Remoção global de CO2 totaliza 2 bilhões de toneladas por ano

Quase todo resultado foi alcançado por meio de florestas, apesar dos crescentes investimentos em novas tecnologias

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Gloria Dickie
Londres | Reuters

Cerca de 2 bilhões de toneladas de dióxido de carbono estão sendo removidas da atmosfera a cada ano, segundo um relatório publicado na última quinta-feira (19), mas quase tudo isso é feito pelas florestas, apesar dos crescentes investimentos em novas tecnologias.

O relatório independente, liderado pela Universidade de Oxford, no Reino Unido, é o primeiro a avaliar quanto CO2 o mundo já está conseguindo remover —e quanto mais é necessário.

Ele estima que cerca de 1.300 vezes mais remoção de dióxido de carbono por novas tecnologias —e duas vezes mais por árvores e solos— são necessárias até 2050 para que as temperaturas fiquem menos de 2ºC acima das temperaturas pré-industriais, conforme estabelecido pelo Acordo de Paris.

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Projeto de reflorestamento de araucária feito por indígenas em reserva em José Boiteux, Santa Catarina - Anderson Coelho - 15.jul.22/Folhapress

"A remoção de CO2 está subindo rapidamente nas agendas", disse o coautor do relatório Steve Smith, cientista climático da Universidade de Oxford. Mas, apesar do crescente interesse e investimento, "existem grandes lacunas de informação", acrescentou.

A remoção de CO2 envolve a captura do gás de efeito estufa da atmosfera e o armazenamento por um longo período de tempo, seja em terra, no oceano, em formações geológicas ou em produtos.

Até o momento, quase todas as remoções bem-sucedidas de CO2 foram alcançadas por meio de medidas como plantio de árvores e melhor manejo dos solos.

De 2020 a 2022, o investimento global em nova capacidade de remoção de CO2 totalizou cerca de US$ 200 milhões (cerca de R$ 1 bilhão), segundo o relatório, enquanto cerca de US$ 4 bilhões (cerca de R$ 20 bilhões) foram canalizados para pesquisa e desenvolvimento com financiamento público desde 2010.

Embora os países atualmente não planejem usar a remoção de CO2 para atingir as metas climáticas de curto prazo até 2030, muitos a visualizam como parte de sua estratégia para atingir o zero líquido até 2050.

O coautor do relatório, Jan Minx, do Instituto Mercator de Pesquisa sobre Bens Comuns e Mudança Climática, na Alemanha, disse que, embora a redução das emissões continue sendo a principal prioridade para se alcançar a meta de Paris, "ao mesmo tempo precisamos desenvolver e escalar agressivamente a remoção de CO2, particularmente esses novos métodos".

Ele acrescentou que isso levará tempo, pois "ainda estamos no começo".

Em dezembro passado, o Departamento de Energia dos Estados Unidos destinou US$ 3,7 bilhões (R$ 19,3 bilhões) para financiar projetos de remoção de CO2. E a União Europeia pretende capturar 5 milhões de toneladas de CO2 anualmente até 2030.

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