Descrição de chapéu Planeta em Transe petrobras

Lula se sentiu traído por Marina em decisão do Ibama, dizem interlocutores do governo

Presidente não teria sido informado previamente de decisão que negou licenciamento para exploração de petróleo na Foz do Amazonas

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São Paulo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva se sentiu traído com a publicação da decisão do Ibama que negou o licenciamento ambiental para a perfuração de poço de petróleo pela Petrobras na foz do Amazonas.

Lula esperava que a ministra Marina Silva (Meio Ambiente) o informasse previamente sobre a decisão, para que ele costurasse uma saída política junto ao MME (Ministério de Minas e Energia).

A informação foi confirmada por interlocutores do Ministério do Meio Ambiente, do PT (Partido dos Trabalhadores) e da presidência da Petrobras.

Marina Silva e Lula - Pedro Ladeira - 29.dez.22/Folhapress

Marina, no entanto, insistiu que a decisão do Ibama seria técnica e não estaria sujeita a ingerência política.

A decisão foi publicada em 17 de maio, quando Lula estava no Japão para o encontro do G7.

Os ministros Rui Costa (Casa Civil) e Alexandre Silveira (Minas e Energia) precisaram aguardar o retorno do presidente ao país para tentar reverter a situação, o que aumentou o custo político da mediação com o Meio Ambiente, inspirando a fritura de Marina Silva.

Segundo fontes do governo, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, deve mediar um acordo entre o MME, o MMA (Ministério do Meio Ambiente) e o Ibama, que deve ser assinado por Lula.

A Petrobras pretende apresentar ainda nesta semana um recurso ao Ibama, mas o presidente da empresa, Jean Paul Prates, deve manter uma postura neutra na briga política.

Há pouco espaço de negociação para o MMA em um possível acordo, que já conta com o alinhamento entre o MME e a Casa Civil, na avaliação de interlocutores da pasta ambiental.

Os três ministros e o presidente do Ibama já se reuniram na última terça-feira (23), quando o MMA reforçou a posição de que a decisão do Ibama era técnica e precisava ser obedecida —o que significa, na prática, que o MME deve providenciar a AAAS (Avaliação Ambiental de Área Sedimentar) como condição para avançar no licenciamento.

No dia seguinte à reunião, a comissão mista do Congresso aprovou a MP 1.154, com um esvaziamento do Ministério do Meio Ambiente.

A proposta, que segue para o plenário da Câmara, transfere a outros ministérios competências típicas do MMA, como o administração do CAR (Cadastro Ambiental Rural), da ANA (Agência Nacional de Águas) e dos sistemas de gestão de resíduos sólidos e saneamento básico.

A sequência dos eventos foi lida por interlocutores da pasta ambiental como um jogo combinado para desgastar o nome de Marina, visto por aliados políticos do presidente como obstáculo aos projetos do governo.

O projeto Planeta em Transe é apoiado pela Open Society Foundations.

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