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Descrição de chapéu desmatamento

Desmatamento da Amazônia em setembro tem queda, mas permanece elevado

Mês apresentou redução em relação a setembro de 2019, que teve recorde histórico

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São Paulo

Em setembro de 2020, o desmatamento na Amazônia foi menor do que o do mesmo mês do ano passado, mas se manteve elevado em relação à média histórica apesar da presença do Exército na floresta, com a Operação Verde Brasil 2.

Segundo dados do Deter, sistema do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) para detecção quase em tempo real de desmatamento, houve uma diminuição de 33% no desmate nesse mês, do ano passado para cá.

Ocorre, porém, que setembro de 2019, no primeiro ano do governo Jair Bolsonaro, bateu o recorde de desmatamento na história recente do Deter, com mais de 1.400 km² de destruição registrada por satélites. Mesmo com a queda, quase 1.000 km² de floresta foram derrubados neste ano.

Assim, o ranking dos meses de setembro com maior desmate tem 2019 em primeiro lugar, seguido por 2020 e 2018.

Com os registros do Deter desde 2015 —somente a partir desse ano é possível fazer comparação, devido a mudanças de precisão do sistema—, a média de desmate registrado no mês de setembro é de 790 km².

Considerando todos os meses do ano, setembro de 2019 é o quarto mês com maior valor de desmatamento da história recente do Deter. As três posições anteriores são ocupadas por meses do primeiro e do segundo ano de Bolsonaro, que desde a sua campanha de eleição critica a fiscalização ambiental e declara apoio a ações que causam grande prejuízo ambiental, como a legalização de mineração em territórios indígenas.

Apesar dos números elevados de devastação, o general Hamilton Mourão, vice-presidente da República e chefe do Conselho da Amazônia, tem dito que os dados são positivos.

"Tais dados mostram o aperfeiçoamento e a integração dos sistemas de proteção ambiental e a confirmação na tendência da queda do desmatamento", afirmou em mensagem publicada em rede social.

A suposta tendência da queda do desmatamento celebrada pelo vice-presidente é referente às quedas nas taxas de julho, agosto (ambas acima de 1.000 km²) e setembro. No entanto, a redução é referente ao mês de maior desmate na história do Deter (julho de 2019) e o segundo colocado nesse lista (agosto de 2019).

Segundo o chefe do Conselho da Amazônia, essa queda seria efeito da presença das Forças Armadas na floresta. Contudo, o Exército se encontra em operação na Amazônia desde maio de 2020, sem sinal de redução em queimadas e no desmate. A Operação Verde Brasil 2 é uma das poucas ações concretas do governo Bolsonaro destinada a conter o desmate.

O Observatório do Clima (OC), rede de mais de 50 organizações não governamentais, aponta que, durante os meses secos (de maio a setembro), o desmatamento dobrou em relação a média dos anos anteriores.

"Os satélites indicam mais uma vez que a Operação Verde Brasil 2, que completa cinco meses na Amazônia neste fim de semana, fracassou em frear o desmatamento e as queimadas", afirma o OC, em nota. "O desmatamento é medido sempre de agosto de um ano a julho do ano seguinte. Mas, se consideramos o ano-calendário, de janeiro a dezembro, o período de um ano e nove meses de gestão Bolsonaro teve 76% mais desmatamento (8.560 km2) por ano do que os três anos cheios anteriores (4.844 km2 em média)."

Bolsonaro costuma minimizar os dados sobre desmatamento e queimadas, associando, sem apresentar provas, sua repercussão a supostas tentativas de manchar a imagem ambiental do governo.

Mourão, por sua vez, tem se adiantado ao rito do Inpe e divulgado informações de queda de desmate. Mas, quando os dados preocupantes de queimadas foram noticiados, o vice-presidente criticou o instituto e disse que havia pessoas lá dentro que fazem oposição ao governo.

O desmatamento elevado e as queimadas sem controle sob Bolsonaro têm colocado o Brasil em uma posição delicada no contexto internacional. A Europa, principalmente, ameaça travar o acordo com o Mercosul. O agronegócio, principal motor de desmate, também tem sido visto com desconfiança no mercado externo.

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