Siga a folha

Às vésperas de voo tripulado da Nasa e da SpaceX, relembre momentos espaciais dos EUA

Dois astronautas voarão na quarta à tarde a partir de solo americano pela primeira vez em nove anos

Continue lendo com acesso ilimitado.
Aproveite esta oferta especial:

Oferta Exclusiva

6 meses por R$ 1,90/mês

SOMENTE ESSA SEMANA

ASSINE A FOLHA

Cancele quando quiser

Notícias no momento em que acontecem, newsletters exclusivas e mais de 200 colunas e blogs.
Apoie o jornalismo profissional.

Washington e Paris | AFP

A SpaceX de Elon Musk desafiou as expectativas e, nesta quarta-feira (27), às 17h33 (horário de Brasília), espera fazer história transportando dois astronautas da Nasa ao espaço, no primeiro voo tripulado partindo de solo americano em nove anos.

O presidente Donald Trump estará entre os espectadores no Centro Espacial Kennedy, na Flórida, para assistir ao lançamento, que recebeu autorização apesar dos meses de confinamento devido à pandemia de coronavírus.

Destinado a desenvolver naves espaciais privadas para transportar astronautas americanos ao espaço, o programa comercial tripulado da Nasa começou sob o governo de Barack Obama. Seu sucessor o vê como símbolo de sua estratégia para reafirmar o domínio americano do espaço, tanto militar quanto civil.

A SpaceX quebrará uma tradição de 22 anos desde o lançamento dos primeiros componentes da ISS em que apenas naves espaciais desenvolvidas pela Nasa e pela agência espacial russa levaram equipes para essa estação.

Por três décadas, a Nasa utilizou o famoso programa de ônibus espaciais: naves espaciais enormes e extremamente complexas que levaram dezenas de astronautas ao espaço. Seu custo impressionante (US$ 200 bilhões para 135 voos) e dois acidentes fatais acabaram por encerrar o programa.

O último ônibus espacial, Atlantis, viajou em 21 de julho de 2011.

Depois, os astronautas da Nasa tiveram viajar para a ISS de carona no foguete russo Soyuz, que decolou do Cazaquistão, em uma parceria que sobreviveu às tensões políticas entre Washington e Moscou.

Os Estados Unidos pretendiam, no entanto, que este fosse um acordo temporário. Para se livrar da dependência, a Nasa confiou a duas empresas privadas —a gigante da aviação Boeing e a SpaceX— a tarefa de projetar e construir cápsulas que substituiriam os ônibus espaciais.

Nove anos e mais de US$ 3 bilhões depois, a SpaceX, fundada por Musk, o empresário sul-africano que também criou o PayPal e a Tesla, está pronta para o lançamento.

A cápsula será tripulada por Robert Behnken, de 49 anos, e Douglas Hurley, de 53, ambos com uma longa história de viagens espaciais: Hurley pilotou o Atlantis em sua última viagem.

Cerca de 19 horas depois, vão atracar na ISS, onde dois russos e um americano esperam por eles.

A previsão do tempo permanece desfavorável, com uma probabilidade de 60% de condições adversas, segundo os meteorologistas de Cabo Canaveral. A próxima janela de lançamento é sábado, 30 de maio.

A operação levou cinco anos a mais do que o planejado, mas, mesmo com os atrasos, a SpaceX derrotou a Boeing. O voo de teste da empresa fracassou, devido a sérios problemas de software, e terá de ser refeito.

A missão tripulada, chamada Demo-2, é de fundamental importância para Washington não só para o país se livrar da dependência da Rússia mas também para catalisar um mercado privado de órbita terrestre baixa, aberta a turistas e empresas.

"Prevemos um dia, no futuro, que teremos uma dúzia de estações espaciais na órbita terrestre baixa. Todas operadas pela indústria comercial", disse o diretor da Nasa, Jim Bridenstine.

Musk mira mais alto: está construindo um enorme foguete, o Starship, para circunavegar a Lua, ou até viajar para Marte e, finalmente, tornar a humanidade uma "espécie que habite vários planetas".

Do primeiro astronauta na Lua ao programa de ônibus espaciais, relembre momentos marcantes do programa espacial dos EUA.

Primeiro astronauta dos EUA no espaço

Os Estados Unidos foram ultrapassado pela então União Soviética, que enviou o primeiro homem ao espaço, Yuri Gagarin, em 12 de abril de 196. Mas o país conseguiu imitar em parte o feito quando o americano Alan Shepard realizou um voo suborbital menos de um mês mais tarde, em 5 de maio, como parte do programa Mercury, iniciado pela então jovem agência espacial dos EUA, Nasa.

Alguns meses depois, o presidente John F. Kennedy prometeu enviar um americano à Lua antes do fim da década.

John Glenn seria o primeiro americano a orbitar a Terra em 20 de fevereiro de 1962, em um voo de pouco menos de cinco horas.

Primeiros passos na Lua

A Nasa iniciou o programa Apollo com a ambição de conquistar a Lua.

As seis primeiras missões não foram tripuladas e as quatro seguintes permitiram testar o material e as manobras. Apollo 11 seria a missão que pousaria na Lua.

"Um pequeno passo para o homem, um grande passo para a humanidade". A famosa frase de Neil Armstrong, comandante da missão, foi transmitida ao vivo para o mundo todo quando colocou o pé na Lua, em 21 de julho de 1969. A ele se somou depois Edwin "Buzz" Aldrin, enquanto seu companheiro Michael Collins permaneceu em órbita lunar.

Outras cinco missões Apollo levaram dez homens à Lua, antes do fim do programa em dezembro de 1972.

Explosões de Challenger e Columbia

Em 1972, o presidente Richard Nixon decidiu lançar o programa de ônibus espaciais. O primeiro voo, Columbia, ocorreu em 12 de abril de 1981.

Sally Ride foi a primeira americana a ser enviada ao espaço, em junho de 1983, a bordo do ônibus espacial Challenger.

No 25º voo, em 28 de janeiro de 1986, o ônibus espacial Challenger explodiu 73 segundos após seu lançamento, causando a morte de seus sete tripulantes, causando choque em todo o mundo, que acompanhava o lançamento ao vivo.

Tripulação do ônibus espacial Challenger, que explodiu em 1986 - AFP

Os voos foram retomados apenas em 1988, com o Discovery.

Em 1990 foi instalado o Hubble, telescópio espacial que revolucionou a astronomia. Com a construção da ISS iniciada em 1998, num projeto de US$ 100 bilhões financiado em grande parte pelos Estados Unidos, os ônibus espaciais americanos iniciaram sua missão mais importante.

Os lançamentos de ônibus espaciais tornaram-se rotineiros, mas uma nova catástrofe ocorreu em 1 de fevereiro de 2003 quando Columbia se desintegrou no retorno à atmosfera, matando seus sete tripulantes.

Voos tripulados suspensos

Em 2004, o presidente George W. Bush decidiu colocar um ponto final no projeto de ônibus espaciais até 2010, considerando o tempo necessário para finalizar a construção da ISS. Após 30 anos de serviço, o último voo ocorreu em julho de 2011.

Desde então, a Nasa recorreu aos Soyuz russos para levar seus astronautas à ISS.

O presidente Barack Obama cancelou em 2010 o programa Constellation de retorno à Lua e anunciou o objetivo de colocar astronautas em órbita de Marte até 2035 e desenvolver foguetes comerciais para transportar astronautas americanos à ISS.

Seu sucessor, Donald Trump, ordenou por sua vez que a Nasa retorne à Lua antes de 2024, sob o programa Artemisa e que prepare missões à Marte.

Receba notícias da Folha

Cadastre-se e escolha quais newsletters gostaria de receber

Ativar newsletters

Relacionadas