Congresso pode votar reedição piorada do golpe parlamentarista de 1961

Trata-se de golpear o direito de todos os eleitores brasileiros, que irão às urnas em outubro

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Doidos soltos

Alguém abriu a porta do hospício. Circula em Brasília o cochicho de que o atual Congresso poderia votar uma emenda constitucional criando a girafa de um regime semipresidencialista. É impossível e impraticável.

Seria uma reedição piorada do golpe parlamentarista de 1961. Naquele caso, tratou-se de golpear o direito constitucional de João Goulart. Neste, trata-se de golpear o direito de todos os eleitores brasileiros, que irão às urnas em outubro. Para piorar, a iniciativa partiria de um Congresso de pouca fama, com dois terços do Senado e toda a Câmara em fim de mandatos.

Parece conversa de maluco, mas há uns dois meses Michel Temer disse que o tema do semipresidencialismo continuava na sua agenda.

O preço do truque

A banca curvou-se e ressarcirá imediatamente em até R$ 5.000 todos os seus clientes lesados na correção de suas poupanças pelos planos Bresser, Verão e Collor. O litígio vinha desde o século passado e custará algo como R$ 11 bilhões.

As ilustres diretorias dos bancos, bem como a da Febraban, deveriam revisitar o caso para calcular o custo da própria arrogância. Os doutores tentaram de tudo, desde tristes acrobacias junto ao Supremo Tribunal Federal, até cabalas custosas para o preenchimento de vagas na corte.

Quem sabe fazer contas estima que entre honorários de advogados y otras cositas más, gastaram-se algo como R$ 200 milhões.

Eremildo, o idiota

Eremildo é um idiota e decidiu oferecer um mimo a quem acompanha com curiosidade a sucessão presidencial.

Ganha um fim de semana em Caracas, com direito a levar mala de comida, quem souber o que resultaria de um eventual cruzamento das ideias de Jair Bolsonaro com as do economista Paulo Guedes, mais as práticas do ex-deputado Valdemar Costa Neto e seu Partido da República.

Por três vezes Bolsonaro defendeu o fuzilamento ou a eliminação do presidente Fernando Henrique pelas suas privatizações e pela abertura do mercado de exploração de petróleo.

O doutor Paulo Guedes já perguntou: "Por que não pode vender os Correios? Por que não pode vender a Petrobras? (...) Por que uma empresa que assalta o povo brasileiro tem que continuar na mão do Estado?"
O ex-deputado Costa Neto não é propriamente um homem de ideias, mas de práticas. Em 2012 ele foi condenado a sete anos e dez meses de prisão por corrupção, cumpriu parte da pena em casa e foi indultado em 2016.

Bolsa Fiemg

A Federação das Indústrias do Rio diz que o fim da política fracassada de desonerações tributárias ameaçará 400 mil empregos.

Faltou-lhe sorte. No mesmo dia, a Federação das Indústrias de Minas Gerais anunciava que desempregou Eduardo Azeredo, seu consultor para assuntos internacionais, com um salário de R$ 25 mil mensais. Como se sabe, o ex-governador está na cadeia. A mesma Fiemg pagou R$ 2 milhões pelos serviços de consultoria do doutor Fernando Pimentel depois que ele deixou a Prefeitura de Belo Horizonte, antes que assumisse o governo do estado.

 

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Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do informado em versão anterior da nota "Doidos soltos", dois terços dos senadores estão em fim de mandatos. 

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