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Aspectos do nosso desenvolvimento econômico mediano pipocam o ano inteiro no noticiário. Dados semestrais do FMI (Fundo Monetário Internacional) nos lembram que mais de 80 entre 192 países são mais ricos que o Brasil.
Diversos rankings divulgados no ano ressaltam nossa fragilidade institucional.
Na lista da Transparência Internacional, em que os primeiros colocados são considerados os países menos corruptos do mundo, ocupamos a 79ª de 176 posições em 2017.
Em termos de facilidade para fazer negócios, o Brasil ficou em 125° lugar no ranking de 190 nações avaliadas pelo Banco Mundial neste ano.
Dependendo da ótica, o resultado é mais dramático: em complexidade para pagar impostos estamos entre os 10 piores do mundo.
A lista extensa inclui outros itens como infraestrutura precária, setor público inchado e baixa proteção à propriedade intelectual. A mãe de todos os nossos entraves continua sendo, porém, a falha em oferecer uma boa escola a todos.
Educação de qualidade é a chave para garantir o pleno exercício da cidadania àqueles que elegem políticos, transformam instituições arcaicas e inovam, fatores essenciais para ligar a chave do desenvolvimento econômico e social.
Dados que evidenciam as deficiências educacionais brasileiras são também abundantes e amplamente divulgados.
Mas não deixa de causar choque tropeçar com as frases em um relatório recente do Banco Mundial: "Embora as habilidades de brasileiros de 15 anos tenham melhorado, no ritmo atual de avanço eles não atingirão a nota média dos países ricos em matemática por 75 anos. Em leitura, vai demorar mais de 260 anos".
A conta –feita pela equipe que elabora o relatório "World Development Report" com base em dados do exame internacional Pisa– escancara a profundidade do nosso precipício. Sabemos como chegamos aqui. O abismo é resultado de um descaso também secular com a educação.
Nas últimas décadas, temos tentado avançar. Demos passos como o aumento da inclusão escolar, a adoção de avaliações regulares de aprendizagem e a recente aprovação de uma base curricular que servirá como um norte para o ensino no país. Caminhar é melhor do que estar parado. Mas os dados citados reforçam a necessidade de saltos.
Milhões de crianças e jovens brasileiros permanecem fora da escola. O treinamento de professores continua deficiente. A bem-vinda base agora precisa ser transformada em currículos que façam sentido para as realidades locais.
A solução para essas questões requer esforço árduo, concertado e, sobretudo, contínuo de autoridades das três esferas do governo que não seja interrompido pelas eleições do meio do caminho.