Descrição de chapéu

De caso com Tifanny

Ninguém perde se o homem passar a se identificar como mulher (ou vice-versa)

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Tifanny comemora lance em jogo do Bauru na Superliga - Vôlei Bauru - 18.jan.18/Divulgação

Comento o caso Tifanny. Para quem não dá muita bola para o noticiário esportivo, como eu, ofereço uma introdução. Tifanny é uma jogadora de vôlei que está arrasando nas quadras. Mas, como ela é transexual e só fez a mudança de sexo aos 28 anos, desenvolveu-se com estrutura músculo-esquelética masculina, o que muitos apontam como vantagem indevida. É justo que jogue na liga feminina?

A questão é complexa. Meu amigo Leandro Narloch escreveu em sua coluna publicada na última quarta (14) que identidades sempre envolvem uma negociação social e que a autodefinição de gênero de um transexual não pode ser imposta a todos. Não discordo e acho que nem o movimento LGBT espera realisticamente que toda a sociedade passe, do dia para a noite, a aceitar sem preconceitos todas as identidades sexuais. Não vislumbro para tão cedo o fim das piadas e dos olhares atravessados.

Só que o nosso problema é bem mais singelo do que esse. O Estado obriga os cidadãos a manter registros dos quais constam o sexo da pessoa. Quem não está satisfeito com o que lhe foi designado pelo destino deve ter a chance de mudar? Não vejo nenhum problema na troca. Tirando a questão previdenciária, que mais cedo ou mais tarde teremos de resolver, ninguém perde se o indivíduo nascido homem passar a se identificar oficialmente como mulher (ou vice-versa), e essa pessoa ficará bem mais feliz. Não há, portanto, motivo para não permitir a mudança.

E quanto às quadras? Associações esportivas precisam aceitar a autodefinição? Em tese, poderiam ter uma regra diferente. Mas vale a pena? A força física é um dos ingredientes para uma boa jogadora, mas está longe de ser o único. Se ter mais força que a média das atletas fosse razão suficiente para a exclusão, a desclassificação também deveria abarcar mulheres que fossem naturalmente muito mais fortes que as demais. E nós sabiamente não as proibimos de jogar.

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