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Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

Premiada, nova fase de 'Maravilhosa Sra. Maisel' cresce em doçura e cinismo

Temporada dá mais peso aos pais da protagonista, interpretada por Rachel Brosnahan

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A possibilidade de se reinventar está no centro de "Maravilhosa Sra. Maisel", e a segunda temporada da série que rendeu dois Globos de Ouro para Rachel Brosnahan é revigorante e ainda mais solar.

Não que a vida de Midge Maisel (Brosnahan) esteja fácil: ela ainda se desdobra entre ser mãe/filha/mulher e ser a comediante de stand-up que busca lugar nos palcos de bibocas da Nova York de 1958.

Mas agora a temporada vai de Paris a um resort nas montanhas, dando maior peso aos pais da protagonista —o sempre hilário Tony Shalhoub ("Monk") e a ótima Marin Hinkle— em lugar do modorrento Joel, o ex-marido que não sabe o que quer.

Rachel Brosnahan como a comediante bissexta Midge Maisel em ‘Maravilhosa Sra. Maisel’ - Divulgação

O ar fresco faz bem ao roteiro e reforça o registro onírico da série, que na primeira temporada se concentra em cenas internas e noturnas (a terceira já foi contratada). O figurino technicolor provê o verniz escapista desse conto de diálogos afiados do qual é impossível sair de mau humor, sobretudo em tempos sisudos.

Não que "Sra. Maisel" seja bobinha. Sua protagonista é uma vanguardista, uma mulher independente e decidida antes mesmo de ela própria (e meio mundo) se dar conta que a possibilidade existe.

A briga de Midge consigo mesma para se adequar às expectativas alheias e suas recorrentes piadas sobre o assunto só ressaltam quão pouco o mundo evoluiu nesse aspecto.

As aparências e discursos são outros, mas as barreiras parecem amargamente iguais. O capítulo que trata de sua chegada ao resort onde passa as férias desde a infância, com a saraivada de olhares e questionamentos sobre seu divórcio que ela recebe, é especialmente sardônico. Poderia se passar hoje, fossem os figurinos e a trilha mais sóbrios.

Esse paradoxo ontem/hoje é reforçado pelo descompasso entre a doçura da personagem e seu vocabulário repleto de observações ácidas e palavrões. Felizmente, são diálogos bem cuidados o suficiente para manter o espectador atento e entretido, sem lições de moral nem sobrepeso.

A personagem de Alex Borstein, a empresária durona de Midge, já redunda um pouco em sua caricatura. Sua atuação foi elogiada no ano de estreia e continua a colher aplausos, mas a figura bruta que evita laços emocionais parece já ter rendido o que podia.

Como ainda parece ser inevitável, porém, a uma série com "mocinhas", a vida amorosa da personagem mantêm-se como vértice, embora ela oscile muito mais para as relações de trabalho e familiares.

Amy Sherman-Palladino, criadora da série, mantém a verborragia (ao se deparar com personagens que disparem mais de 200 palavras por minuto, não duvide: veio da criadora de "Gilmore Girls").

O efeito de mergulhar tantas observações azedas em uma atmosfera mais docinha, contudo, faz este trabalho superior aos anteriores.

Muito do resultado também se deve à graça da atuação de Brosnahan e aos respiros oferecidos por Shalhoub.

Fazia tempo que não surgia uma protagonista tão marcante e necessária para segurar, sozinha, a trama —a última memorável é a Selina de Julia Louis-Dreyfus em "Veep", que termina neste ano.

Vida longa a Midge Maisel, que nos ajuda a desligar.

A segunda temporada de "Maravilhosa Sra. Maisel" está na Amazon Video

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