Contratação do estilista Riccardo Tisci é manobra da Burberry para sair da letargia

Italiano substituirá o inglês Christopher Bailey, que conduziu a marca por 17 anos

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Paris

Grife mais prestigiada do Reino Unido e símbolo do estilo britânico, a Burberry engendrou uma manobra radical nesta quinta (1º) para sair do estado de letargia nas vendas.


O estilista italiano Riccardo Tisci, 43, foi nomeado diretor criativo da marca e substituirá o inglês Christopher Bailey, que conduziu a marca por 17 anos.

“É como se a rainha aposentasse seus [cachorros] corgis em favor de um bando de roittwellers”, escreveu o The Guardian sobre a troca de comando.

A comparação ilustra o que essa contratação representa para a etiqueta e também para a imagem de sua semana de moda mergulhada em altos e baixos.

É que, além de tirar a grife do marasmo criativo, o estilista deve trazer de volta os holofotes para Londres, cidade reconhecida por criar nomes da vanguarda da moda em suas escolas de estilismo mas que nos últimos anos não conseguiu atrair olhares da imprensa especializada —menos nesta temporada, quando a rainha deu um alô para os fashionistas no desfile do estilista Richard Quinn.


Incomodado com o crescimento aquém do esperado —no último trimestre de 2017, o faturamento chegou a cair 2% em relação à média do ano, fechando em 719 milhões de libras—, e as perspectivas desfavoráveis para o futuro próximo, o CEO da marca, Marco Gobetti, foi atrás do estilista que ao seu lado revolucionou o estilo e o faturamento da “maison” francesa Givenchy, em 2005.

Os editores que transitam pela semana de moda de Paris receberam com espanto a indicação do designer, que se junta ao grupo de italianos que dominam casas de moda centenárias, a exemplo de Maria Grazia Chiuri, na Dior, e Alessandro Dell’Acqua, na Rochas.

Reconhecido por colocar o estilo “street” na moda de luxo, tirando a pecha de marca-do-tubinho-preto-de-Audrey-Hepburn da Givenchy, Tisci é uma escolha ousada para a gestão de uma marca tradicional como a Burberry.

O padrão xadrez da etiqueta, que já havia sido colocado em segundo plano nas mãos de Bailey, pode virar pó se o estilista italiano promover a mesma quebra de códigos que conduziu na marca francesa.

Além do “street” de luxo, hoje motor do estilo de diversas grifes, ele fez a fama fashion do casal Kim Kardashian e Kanye West, investiu pesado em campanhas jovens e modelos fora do padrão, como a transexual brasileira Lea T., e parcerias com estrelas pop do nível de Madonna.

Tisci agora terá de lidar com uma marca cujas clientes incluem a princesa britânica do cinema, Emma Watson, e a de verdade Kate Middleton.

A duquesa de Cambridge vez ou outra passeia com o famoso “trenchcoat” da marca, peça tida como patrimônio da moda britânica e que foi criada por Thomas Burberry (1935-1926) durante a Primeira Guerra Mundial.

Ele assume a função no dia 12 deste mês, e sua estreia na semana de moda de Londres, em setembro, já é o evento de moda mais disputado do ano ao lado do primeiro desfile de Hedi Slimane na grife francesa Céline, em outubro, na mesma temporada de verão 2019.

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