Mark Zuckerberg não sabe o que fala

E 127 milhões de brasileiros podem ser influenciados por ele

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Na mesma semana em que o Facebook divulgou ter atingido no Brasil a marca inédita de 127 milhões de usuários mensais ativos (ou MAUs, na sigla em inglês), o criador da rede social deu longa e reveladora entrevista em que deixa escapar sua convicção monopolista e seu desconhecimento da natureza da informação.

À jornalista americana Kara Swisher, do site Recode, em um dos primeiros encontros com a imprensa desde que explodiu o escândalo do uso indevido de dados de usuários, Mark Zuckerberg defendeu a manutenção do tamanho de sua empresa invocando o perigo amarelo.

Se decidirem cortar as asas de companhias como a nossa, disse ele, a alternativa serão os chineses. “E eles não compartilham dos mesmos valores que temos.” A ironia é que foi a Rússia que nadou de braçada nos valores e princípios do “Feice”, ao influenciar indevidamente usuários durante as eleições presidenciais de 2016, que colocaram Trump na Casa Branca.

Em outro trecho, revela que há 20 mil funcionários dedicados a “revisar o conteúdo” publicado nas páginas do Facebook. Como eles fazem isso, e quais os critérios adotados? Zuckerberg se atrapalha na resposta.

Se uma pessoa nega que o massacre de Sandy Hook, em que um atirador matou 26 pessoas numa escola dos EUA em 2012, entre as quais 20 crianças, tenha ocorrido, os “revisores” tiram a página do ar. Se outra pessoa nega que o Holocausto judeu que exterminou milhões na Segunda Guerra tenha acontecido, sua página continuará no ar.

Se uma informação for marcada por muitos usuários como potencialmente falsa, e se os checadores factuais da empresa chegarem à conclusão de que ela é provavelmente falsa, então o conteúdo perderá sua força de distribuição nas timelines das pessoas.

Entendeu a lógica? Nem Zuckerberg. Na mesma conversa, ele se diz preocupado com as eleições do Brasil. Os 127 milhões de brasileiros que usam a rede também deveriam estar.

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