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Cronista esportivo, participou como jogador das Copas de 1966 e 1970. É formado em medicina.

Talento e acaso podem andar juntos no futebol

O esporte, a ciência e a existência estão cheios de dúvidas

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No futebol, há muitas dúvidas e pouquíssimas certezas, embora achemos explicações para tudo. O que não vemos nem medimos é tão importante quanto o que é visível.

Apesar do número excessivo de jogos, de os técnicos escalarem, com frequência, times reservas ou mistos, de várias partidas fracas, de ingressos caros, de tantas condutas homofóbicas e racistas, de muitos gramados ruins e do risco de pegar Covid, os estádios estão cheios e os torcedores nunca vibraram tanto quanto agora. Seria a saudade, depois de um longo isolamento, uma catarse, um reencontro emocional com algo perdido, com um grande amor? Ou seria uma evolução natural do futebol?

Mesmo com tantos jogadores poupados, há um número excessivo de lesões musculares, sem traumas. Os jogadores não estariam correndo demais, acima do limite físico? O técnico Vítor Pereira, do Corinthians, disse que está estressado e que não tem dormido bem. O mesmo deve ocorrer com muitos atletas. Seria mais uma razão para tantas contusões?

Adson, à esquerda, disputa a bola com Marinho durante partida entre Corinthians e Flamengo - Carla Carniel - 10.jul.22/Reuters

Na Europa, mesmo considerando que há menos partidas, os principais jogadores atuam um grande número de jogos seguidos, durante os 90 minutos, e, pelo que observo, o número de lesões musculares é menor. A presença dos principais jogadores melhora a eficiência das equipes e a qualidade das partidas.

Pensei que, após o 7 a 1 sobre o Tolima, Dorival Júnior escalaria todos os titulares contra o Corinthians, para aproveitar o embalo, para ganhar mais confiança e para melhorar a colocação no Brasileirão. O treinador, por causa do jogo desta quarta (13), contra o Atlético, pela Copa do Brasil, colocou vários reservas, e o time perdeu. O poderoso Flamengo corre o risco de ser eliminado da Libertadores e da Copa do Brasil e de não conseguir uma vaga no Brasileirão para a Libertadores do próximo ano. Seria um desastre total.

O Corinthians, após a chegada de um novo técnico e de vários jogadores de prestígio, pensou em formar um time excepcional, ofensivo, com domínio da bola e do jogo. Hoje, a equipe faz pouquíssimos gols e se sustenta, em todos as competições, pelo bom e disciplinado posicionamento defensivo, além de contar com as ajudas importantes do grande goleiro Cássio, do centroavante Benedetto, do Boca Juniors, e do lateral direito Rodinei, do Flamengo. Seria uma sorte passageira ou o time vai continuar bem nas três competições?

As dúvidas continuam. O Atlético tem tido mais dificuldade para envolver as defesas adversárias por causa de problemas coletivos, por condutas equivocadas do técnico ou porque Hulk tem decidido menos jogos?

As três partidas sem vitória do Palmeiras seriam um indicativo de uma queda da equipe? Inter, Athletico, Fluminense e São Paulo têm chances, mesmo pequenas, de brigar de pelo título do Brasileirão? O bom time do Fortaleza vai conseguir sair dos últimos lugares da tabela?

O fato de o Inter ter feito tantos gols no fim das partidas é circunstancial, por acaso, ou é a força técnica e emocional de uma equipe? Talento e acaso podem andar juntos.

O número baixíssimo de pontos do líder do Brasileirão, o Palmeiras, em relação aos anos anteriores, é um sinal de equilíbrio ou é uma demonstração da queda técnica das equipes?

O futebol, a ciência e a existência estão cheios de dúvidas. A única certeza absoluta é a finitude da vida, embora vivamos como se fôssemos eternos. O visionário ​Darcy Ribeiro, questionado sobre o que queria ser na vida, respondeu: "Quero ser Deus".

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