Filme dos vingadores tem vilão malthusiano
Pessimismo populacional de Malthus (1766-1834), cujas ideias costumam ser subavaliadas, povoa a mente do genocida espacial Thanos
Conteúdo restrito a assinantes e cadastrados
Você atingiu o limite de
5 reportagens
5 reportagens
por mês.
Tenha acesso ilimitado: Assine ou Já é assinante? Faça login
O arquivilão Thanos quer exterminar metade da população do universo, mas para isso terá de derrotar a mais povoada coleção de super-heróis já reunida no cinema.
“Vingadores: Guerra Infinita”, mais um estouro de bilheteria a explorar a sede de mitos e celebridades destes tempos, tem um antagonista malthusiano. A criatura da Marvel adere ao genocídio para harmonizar a vida intergaláctica à finitude dos recursos.
Embora no método Thanos seja bem mais radical que Thomas Malthus (1766-1834), ambos partilham do pessimismo demográfico e pregam o controle populacional. O brucutu espacial, que sorteia suas vítimas, é mais democrático que o padre inglês, preocupado com a reprodução dos mais pobres.
Malthus, rebaixado no cânone intelectual, costuma ser subavaliado. A sua ideia de competição destrutiva por recursos escassos foi incorporada por Darwin na famosa teoria.
Não há dúvida também de que haja forças latentes de rápido crescimento nas espécies à espera de incidentes ambientais que as ativem. Quando a sorte muda e a reviravolta do meio externo encontra uma população expandida, o ajuste tende a ser violento.
Morticínios na União Soviética e na China, após o colapso agropecuário resultante de ações revolucionárias, foram fatos malthusianos. As severas restrições alimentares e as ondas de saque na esteira da seca e da abrupta estagnação da renda no Nordeste do Brasil nos anos 1980 também.
Outro insight presente nos ensaios de Malthus, o de que não há crescimento populacional ilimitado, ajudou os biólogos a desenvolverem modelos mais fiéis ao desenvolvimento das epidemias, por exemplo.
Adaptando-os ao mundo dos negócios, analistas preveem com boa eficácia como se comportará o mercado de um produto novo de grande apelo ao consumidor, como o dos smartphones no Brasil ou o dos filmes dos vingadores no planeta Terra.