Ricos ficam no Brasil, e aluguel de mansões encarece no litoral paulista

Crédito: Moacyr Lopes Junior/Folhapress Vista aérea mostra casas na praia de Itamambuca, em Ubatuba, litoral norte de São Paulo

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O aluguel de casas para turistas no litoral norte paulista divide seus donos em dois lados opostos do mercado.

Enquanto o arquiteto José Américo Câmara, 60, consegue subir em 20% o aluguel de sua casa de alto padrão, com três suítes, o advogado Paulo Rodrigues, 46, amarga a baixa da procura por seu apartamento de dois quartos e tem que reduzir o valor, ainda assim sem locar.

A situação dos dois ilustra a tendência desse mercado no litoral norte, segundo pesquisa do Creci-SP (conselho estadual de corretores de imóveis de São Paulo).

Casas e apartamentos de alto padrão encareceram nesta temporada, na contramão da crise, enquanto imóveis menores tiveram seu preço de locação reduzido.

A casa do arquiteto na praia de Guaecá, em São Sebastião, fica num condomínio fechado, a poucos metros da praia. Em 2015, o valor recebido pela locação temporária foi de R$ 1.200 por dia. Agora, o valor subiu para R$ 1.500.

"Achei o preço um pouco defasado e aumentei. Publiquei o anúncio e, em agosto, a casa já estava alugada para dezembro", conta. "O pagamento foi feito na ocasião e ninguém contestou o valor."

O imóvel de Rodrigues, em Boiçucanga, no mesmo município, é menor –com dois quartos– e distante da praia cerca de 600 metros.

"No ano passado [2015] consegui alugar minha casa por R$ 4.000 para o Ano-Novo. Já estava reservada nesta época. Este ano [2016], baixei para R$ 3.000", afirma.

Para o Réveillon e o Natal, dobrou a procura de imóveis maiores (de três a quatro dormitórios) em relação a 2015, de acordo com o Creci.

A maior alta se deu em relação à demanda para apartamentos de três dormitórios. Se em 2015 foram alugados por R$ 525, em média, em 2016 chegaram a R$ 1.083.

Segundo o corretor de imóveis Ronaldo Gonçalves, há uma explicação para os índices: os imóveis maiores podem acomodar mais do que uma família. Assim, o que parece ser mais caro torna-se mais atrativo ao ser diluído entre várias pessoas.

As casas menores, por sua vez, podem acomodar no máximo duas famílias e acabam pesando mais no bolso.

Ele citou um chalé em Caraguatatuba, antes alugado por R$ 300 por dia. Com o preço a R$ 400, não houve mais procura. "Terei que manter o valor do ano passado [2015], se quiser locar."

Segundo o presidente do Creci-SP, José Augusto Viana Neto, o principal motivo para o crescimento do valor de imóveis maiores foi a alta do dólar, que motivou pessoas com maior poder aquisitivo a optarem por viagens com distâncias mais curtas.

"Muitas pessoas que não viajaram para fora do Brasil ou para outras regiões, como o Norte e o Nordeste, por causa da crise, escolheram imóveis com conforto no litoral norte. O preço foi lá para cima", afirma Viana Neto.

Outra razão, diz, é que as casas maiores também são muito procuradas por grupos de amigos ou familiares.

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