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A chacina ocorrida em Fortaleza no sábado (27) não é fato isolado considerando-se a conjuntura da segurança pública em âmbito nacional. Ela se insere em fenômeno social mais amplo que é a consolidação de facções criminosas e o consequente recrudescimento da disputa de controle no tráfico de drogas.
As facções tendem a se constituir como poderes paralelos nos territórios socialmente vulneráveis onde atuam. Há uma conexão inegável entre a violência nas ruas e o que acontece no interior das prisões.
As facções criminosas que comandam o tráfico de drogas são oriundas do sistema prisional. E o que num primeiro momento viceja dentro da prisão com o tempo espraia-se para fora da prisão.
As informações disponíveis sinalizam o acirramento do confronto entre o PCC e CV, mobilizando e fortalecendo facções criminosas regionais. Isso está acontecendo não apenas no Nordeste e Norte do país, mas atinge também os Estados do Sul e do Centro-Oeste.
É no Sudeste, por sua vez, que se encontram as matrizes dessas organizações criminosas. No Rio de Janeiro, inclusive, há o agravante do crescente empoderamento das milícias. O cenário é bastante preocupante.
O desafio que se impõe aos governos estaduais e ao governo federal é a junção de esforços. Polícias estaduais e polícias da União devem se articular para o compartilhamento de informações e definição conjunta de estratégias de enfrentamento das facções.
Ministério Público e Judiciário devem se juntar a esse esforço. E a melhor maneira de estruturar esse conjunto de organizações é mediante a constituição de forças-tarefas.
Um arranjo possível seria a formação de uma força-tarefa no âmbito federal que esteja diretamente conectada a forças-tarefas estaduais.
O local e o nacional devem caminhar paralelamente. A melhor estratégia para enfrentar uma criminalidade cada vez mais organizada é a articulação e organização do aparato repressivo do Estado.
LUÍS FLÁVIO SAPORI é coordenador do Centro de Estudos em Segurança Pública da PUC Minas