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Bolsonaro diz que Doria é 'autoritário' e que pandemia no Brasil 'está acabando'

Presidente dá sequência a série de críticas contra tucano, visto como potencial adversário em 2022

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Brasília

Um dia depois de chamar de "lunático" o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), o presidente Jair Bolsonaro afirmou, nesta sexta-feira (30), que o tucano é "autoritário".

Apesar de o aumento de casos na Europa levantar receios entre especialistas de uma segunda onda de infecções no continente, Bolsonaro disse ainda que a pandemia da Covid-19 no Brasil "está acabando".

"Está acabando a pandemia [no Brasil]. Acho que [o Doria] quer vacinar o pessoal na marra rapidinho porque [a pandemia] vai acabar e daí ele fala: 'acabou por causa da minha vacina'. Quem está acabando é o governo dele, com toda certeza", disse o presidente, ao conversar com apoiadores em frente do Palácio da Alvorada.

As declarações do presidente foram transmitidas por um site bolsonarista. Bolsonaro embarcou para o Guarujá (SP), onde deve passar o fim de semana e o feriado.

Segundo dados do Ministério da Saúde, a Covid-19 soma quase 5,5 milhões de casos confirmados no país, com mais de 158 mil mortes.

Presidente Jair Bolsonaro durante cerimônia de inauguração de trecho da BR-135/MA na quinta-feira (29), em Imperatriz, no Maranhão - Alan Santos/Presidência da República

O presidente criticou Doria em diversas ocasiões durante a semana, principalmente pelo fato de o governador paulista ter defendido vacinação obrigatória contra o coronavírus em São Paulo.

À mais recente investida, na quinta (29), Doria respondeu e disse recomendar "ao presidente Bolsonaro parar de me atacar e começar a trabalhar".

"Tem um governador lá [em São Paulo] um tanto quanto autoritário, que até [quer] dar vacina na marra na galera. O que eu vejo na questão da pandemia? Está indo embora, isso já aconteceu, a gente vê livros de história", acrescentou Bolsonaro nesta sexta.

"Ele quer acelerar uma vacina agora, falou que ia vacinar os 46 milhões [de brasileiros no estado]. [Ele] não tem autoridade para isso, no meu entender é uma arbitrariedade, não sei que adjetivo eu daria para quem, na marra, já fala em aplicar uma vacina que ninguém ainda falou que está comprovada 100% cientificamente", disse o presidente.

O alvo de Bolsonaro é a Coronavac, imunizante que está sendo desenvolvido por uma farmacêutica chinesa e produzido em convênio com o instituto Butantan.

O presidente chegou a desautorizar um acordo do Ministério da Saúde com o estado de São Paulo para a compra de milhões de doses dessa vacina. Em outa ocasião, disse que a Coronavac não era confiável por conta de sua origem chinesa.

Ao afirmar que a vacina coproduzida pelo instituto Butantan não tem comprovação científica, Bolsonaro se antecipou a críticas e disse que o caso é diferente do da hidroxicloroquina —medicamento propagandeado por ele como panaceia contra a Covid-19

"Diferentemente da hidroxicloroquina, que existe há quase 70 anos no Brasil", afirmou. A hidroxicloroquina é um remédio usado no Brasil há anos para malária e lúpus. Mas não tem eficácia científica verificada para o tratamento do novo coronavírus.

Doria é considerado pelo Palácio do Planalto um potencial adversário nas eleições de 2022, e o tucano e Bolsonaro também já se chocaram nesta semana sobre a reforma administrativa e ajuste fiscal encampados pelo governador que extingue órgãos públicos e retira isenções do ICMS.

O presidente acusou Doria de estar aumentando impostos no estado, enquanto que o tucano se defendeu e disse que não houve incremento de tributos.​

Embora Bolsonaro tenha dito que a pandemia está acabando no Brasil, a OMS (Organização Mundial da Saúde) afirmou recentemente que os países precisam estar vigilantes porque segundas ondas de infecção "não são apenas possíveis, como altamente prováveis em qualquer lugar do mundo".

Diante do aumento do contágio na Europa, diferentes países do continente estão adotando novas normas de isolamento social para tentar conter o vírus. Os Estados Unidos também têm registrado o avanço da pandemia.

Reportagem da Folha desta sexta mostra que o comportamento do vírus no EUA vem repetindo o mesmo padrão da Europa, com os locais menos afetados inicialmente concentrando agora a maioria dos mortos.

A trajetória das curvas de óbitos na Europa e nos EUA é considerada importante para o Brasil se preparar para futuro.​Na maioria dos estados brasileiros, o número de mortes permaneceu elevado por um período longo, numa espécie de platô, o que pode sinalizar a possibilidade menor de repique.

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