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Funcionários administrativos da USP decidem entrar em greve sanitária

A assembleia reuniu 166 trabalhadores; destes, 120 votaram a favor, 11 contra o movimento e 35 se abstiveram

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São Paulo

Os funcionários dos setores técnico-administrativos da USP decidiram, na tarde desta quinta-feira (5), fazer uma greve sanitária —quando o motivo é a existência de um risco à saúde ou segurança do trabalhador presente no ambiente de trabalho— a partir do próximo dia 9. O movimento é por tempo indeterminado.

Há duas semanas e sem dialogar com o Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP), que representa a categoria, a reitoria da USP decidiu mudar o Plano USP para o Retorno Gradual das Atividades Presenciais, que havia sido apresentado no final de agosto.

Por isso, parte dos 13.700 servidores deverão retornar ao trabalho presencial a partir desta sexta (6), exceto os docentes, que só voltarão aos campi em 2021.

A assembleia, realizada através de uma plataforma virtual, reuniu cerca de 200 trabalhadores, mas apenas 166 participaram das votações, segundo Reinaldo Souza, diretor do Sintusp.

Dos votantes, 120 foram favoráveis ao movimento, 11 contra e 35 se abstiveram.

O grupo decidiu manter as atividades remotamente e, no caso de serviços essenciais —hospitais, áreas de segurança e alguns laboratórios— de forma presencial, como já vinha ocorrendo desde o início da pandemia de Covid-19.

O Sintusp pretende formar uma comissão, que envolverá professores da USP, alguns intelectuais e parlamentares, para procurar a reitoria e pedir a abertura de negociações sobre os termos do plano apresentado.

Na versão anterior do plano (apresentado no final de agosto), o retorno se dava de maneira gradual, não era compulsório —dependia de acordo entre a chefia e o funcionário—, e tinha como uma das diretrizes a manutenção do teletrabalho, quando possível.

Segundo a categoria, o plano tem problemas graves e importantes. “Não há nenhuma justificativa no retorno presencial a partir do elemento da necessidade do trabalho, porque está sendo cumprido remotamente. Como as aulas não vão voltar, a demanda de atendimento é baixa”, afirma Souza.

Outro questionamento é a categorização que a reitoria da USP fez de fatores de risco, em contradição com o que tem sido disseminado pela área médica. Para a instituição, idosos acima de 60 anos não são considerados de risco, assim como doentes crônicos.

Pelo documento, hipertensos, diabéticos e pneumopatas poderão ser convocados para a volta presencial; só serão preservados se a doença for considerada descompensada. Poderão continuar em home office os imunodeprimidos e as grávidas, se a gestação for de risco.

“Se os grupos de risco fossem preservados e o retorno pudesse ser discutido nas unidades a partir das necessidades reais do trabalho, daria para debater sem precisar de medidas como a greve sanitária”, diz Souza.

O sindicato também vai elaborar uma carta de repúdio à realização da São Paulo Boat Show. Neste ano, a feira de barcos, iates e lanchas será realizada em novembro, na Raia Olímpica da USP. O evento deverá atrair cerca de 30.000 pessoas.

“Um evento dessas proporções no atual estágio, para nós, é totalmente desproporcional e sendo dentro da USP merece a nossa manifestação contrária, embora não esteja claro ainda o quanto vai demandar de trabalho dos funcionários da universidade”, diz Souza.

O sindicato também avaliará com o departamento jurídico da entidade a possibilidade de ações judiciais sobre os itens que constam no plano, como a classificação do grupo de risco e as condições sanitárias que a reitoria diz que vai oferecer, mas não estão garantidas.

No caso dos idosos, a USP afirma que o retorno é facultativo. “Pelo plano diz que é facultativo, mas não diz que é facultativo à pessoa voltar ou não, mas a convocação. Então, a rigor, as chefias e os dirigentes podem convocar as pessoas acima de 60 anos. O principal problema é que no plano não consta que essas pessoas são parte dos fatores de risco. Eles colocam como um grupo à parte. Ao nosso entender é facultativo ao dirigente convocar”, ressalta Souza.

Um levantamento extraoficial elaborado pelo Sintusp aponta que 13 trabalhadores da USP, entre efetivos e terceirizados, já morreram em decorrência da Covid-19.

O Instituto de Psicologia e a Faculdade de Educação e a Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas se manifestaram sobre o plano elaborado pela USP e a falta de diálogo por parte da reitoria.

Em resposta ao instituto, a reitoria justificou a mudança do plano alegando preocupação com a opinião pública e justiça em relação aos funcionários que seguem nas atividades presenciais.

Segundo a Secretaria Estadual da Saúde, São Paulo registrou até esta quinta-feira (5) 39.717 mortes e 1.125.936 casos confirmados do novo coronavírus.

Dos óbitos, 76,5% estão concentrados em pacientes com 60 anos ou mais. As cardiopatias, o diabetes e as pneumopatias estão entre os principais fatores de risco associados à mortalidade por Covid-19 – 23.790 (59,9%), 17.197 (43,3%) e 3.296 (8,3%), respectivamente.

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