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Descrição de chapéu espaço do povo

Moradores da periferia de SP reclamam de ônibus lotados e atrasados com passe livre

Benefício aos domingos é uma das principais apostas da gestão do prefeito Ricardo Nunes (MDB)

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Leonardo Almeida
São Paulo | Espaço do Povo

Moradores da periferia de São Paulo têm encontrado uma série de desafios para usar a tarifa zero dos ônibus municipais aos domingos. Os usuários reclamam principalmente da demora e da lotação dos veículos nos dias que a passagem é de graça.

O benefício é uma das principais apostas da gestão Ricardo Nunes (MDB). Quando foi anunciado em dezembro do ano passado, o programa Domingão Zero tinha como principal objetivo facilitar o acesso de 2 milhões de paulistanos a espaços de lazer, parques e centros culturais e esportivos da cidade.

Passageiros ouvidos pela reportagem, porém, afirmam que as dificuldades desestimulam o uso do benefício.

Movimento de passageiros de ônibus no terminal Santana, na zona norte de São Paulo - Folhapress

"Uma vez estava indo para o cinema em Santo Amaro [bairro da zona sul], peguei um ônibus que geralmente demora 20 minutos, porém naquele domingo demorou quase duas horas e veio muito cheio", conta a estudante Meii Aparecida, 19, moradora do Capão Redondo.

"Dia de domingo é muito ruim porque demora muito. Parece que só tem um ônibus para cada linha, os ônibus que já demoram geralmente, demoram três vezes mais", completa a estudante.

Nos primeiros seis meses de funcionamento, o programa transportou 105 milhões de pessoas. Isso representa um aumento de 29% no número de passageiros aos domingos, em comparação aos anos anteriores, segundo dados da SPTrans.

Especialistas afirmam que faltou planejamento na implementação da medida, e que há problemas na distribuição da frota de veículos.

"O que a SPTrans precisa fazer é uma análise técnica mais moderna e avaliar qual o nível de serviço que cada bairro e cada região precisa", analisa o especialista em mobilidade urbana Rafael Calabria.

A SPTrans afirma que a frota de ônibus aos domingos é de 4.868 veículos, que a oferta é ajustada com base na demanda. A empresa municipal diz também que fiscaliza o serviço e monitora todas as viagens.

Segundo dados obtidos pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor) junto à SPTrans, nos últimos quatro anos a frota de ônibus diminuiu 20% na cidade de São Paulo.

Kauê Silva, 20, morador do Jardim Ângela (no extremo sul da cidade), utiliza o transporte coletivo aos domingos para ir trabalhar e afirma que tem sofrido com o baixo número de veículos.

"Trabalhei e saí às 20h, porém esperei o ônibus até quase 21h30 no ponto do Capão Redondo, não tinha trânsito nem nada, porém demora muito no domingo", conta. A linha Jardim Horizonte Azul – Capão Redondo (7006/51), usada por Kauê, reduziu em 26% o número de viagens realizadas desde 2019.

A história se repete do outro lado da cidade, Jovana Basílio, 24, moradora da comunidade Vila Nova Jaguaré, na zona oeste, também tem dificuldades para usar o benefício.

Ela afirma que aos domingos costuma usar o transporte gratuito para ir a museus, shoppings e a unidades do Sesc.

Em dias da semana, uma viagem do bairro de Jovana até o Sesc Pompeia (também na zona oeste) leva em torno de 40 minutos, mas no final de semana esse tempo aumenta. "Aos domingos, o volume de pessoas deveria ser menor mas, ao meu ver, acaba se mantendo porque [os ônibus] costumam demorar mais de 30 minutos para passar", conta Jovana.

Uma das estratégias de quem mora no limite de São Paulo com outra cidade é priorizar o transporte intermunicipal, que é pago.

Moradores chegam até a ir até outra cidade e pagar pelo transporte.

"Eu moro na zona oeste, mais precisamente no Jardim Boa Vista, bem na divisa com Osasco. Muitas vezes optei por pagar a passagem indo por Osasco só para não ter que esperar pelo gratuito", diz a publicitária Jamile Ferreira, 37. "Já cheguei a esperar duas horas em Pinheiros [na zona oeste de São Paulo] para retornar para casa."

É necessário mudar o modo como as linhas de ônibus são administradas na cidade de São Paulo. Quando a pessoa para de usar (ônibus), reduz a demanda, então eles vão reduzir a oferta. Então eles (SPTrans) vão só reduzindo o serviço. É uma visão técnica deles que está ultrapassada e muito equivocada

Rafael Calabria

especialista em mobilidade urbana

Na zona leste da cidade, Anderson Alexandre, 36, morador do Itaim Paulista, também relata dificuldades com a lotação dos veículos. "Eu tenho a impressão de que tem menos ônibus [hoje] do que antes da tarifa zero. Quando o ônibus chega está extremamente cheio de gente. Lotado", afirma o professor de história.

"O ônibus sai cheio da estação Guaianases, muitas vezes a porta nem fecha, tem que fazer um esforço e espremer as pessoas para fechar a porta, é comum ver mulheres, crianças e idosos espremidos nos vidros".

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